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Dia histórico “de alento e esperança”. Milhares de profissionais de saúde já foram vacinados

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Fé na ciência e orgulho marcam os relatos de quem participa na vacinação contra a covid-19 no Hospital de São João, no Porto, onde às 12h45 estavam vacinados 507 profissionais, num dia em que o objetivo são 2.125.

“Estou tão contente porque tenho fé na ciência, porque o progresso está a nosso favor, a favor da humanidade. Quando há colaboração de vários países e se esquecem as barreiras só pode acontecer isto: uma vacina tão necessária e importante. Tempo recorde? Não me assusta nada, estou todo contente”, descreveu Jorge Cancela, médico de hematologia clínica, à agência Lusa.

O médico, que trabalha no São João desde os anos 1990, considera que o momento é “histórico”, mas mais do que isso, “é determinante”. “Estamos num momento insustentável. Há pessoas que continuam a morrer e aparecem novas variantes. Não há lugar para hesitações. Quando os doentes me perguntam se a vacina pode provocar reações, respondo com outras perguntas: e o efeito do vírus? Não pode provocar a morte?”, contou.

Opinião e entusiasmo semelhantes tem Jorge Lima, enfermeiro do Centro de Endoscopia Digestiva neste centro hospitalar do Porto, um dos cinco onde arrancou este domingo, 27 de dezembro, o plano de vacinação contra a covid-19. À Lusa, diz estar “orgulhoso por dar o exemplo” porque “sabe que os portugueses precisam de sentir confiança” na vacina que chegou sábado a Portugal escoltada por forças de segurança.

Jorge Cancela e Jorge Lima fazem parte de um grupo de 507 profissionais de saúde que às 12h45 estavam vacinados, de acordo com informação enviada à Lusa por fonte hospitalar. “Estavam previstos 400 até esta hora, já superamos. Zero reações [alérgicas]“, referiu a mesma fonte.

Esta “megaoperação” de vacinação mobiliza cerca de 100 profissionais no Hospital de São João. Ao longo de 10 horas está previsto administrar 2.125 doses, num processo quase que cronometrado ao segundo que, no sábado, o diretor dos Serviços Farmacêuticos, Pedro Soares, chamou de espécie de “ballet russo”.

Já se vacina nos cinco centros hospitalares previstos

O médico internista e nefrologista Fernando Nolasco, de 68 anos, foi o primeiro a ser vacinado contra a covid-19 no Hospital Curry Cabral, considerando que foi “uma honra” ter sido escolhido para começar a vacinação no Centro Hospitalar Lisboa Central.

Fernando Nolasco disse à Lusa que a vacinação “é um sinal de esperança, é um sinal de tranquilização, mas simultaneamente é um sinal de alerta” para não se pensar que “a vacina resolve o problema”.

“Isto não é o fim, não é sequer o princípio do fim. É o fim do princípio”, avisou, citando Winston Churchill. “É apenas um dos pequenos passos que temos de dar. Ela [a vacina] só nos veio dar alguma paz e sossego”.

Já a médica internista Sandra Braz foi a primeira profissional de saúde a ser vacinada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, dando início ao processo de vacinação contra a covid-19 no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).

Os últimos dados, divulgados pelo Observador, dão conta que já forma vacinadas 390 pessoas no Hospital de Santa Maria, 880 no Hospital de São José e Hospital Curry Cabral e 507 no Hospital de São João. No Hospital de Santo António, sabe-se apenas que foram vacinados 150 profissionais até ao final da manhã.

Costa assinala dia histórico “de alento e esperança”

O primeiro-ministro, António Costa, publicou neste domingo uma mensagem no Twitter, assinalando o histórico dia de começo do plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, o qual “dá alento e esperança”.

Há dias que ficarão para sempre nas nossas memórias. Como previsto, arrancou o processo de vacinação, que nos ocupará durante meses e que nos obriga a manter todos os cuidados. Mas é um dia de alento e esperança que nos dá força para continuar a trabalhar com a mesma determinação”, lê-se na publicação do líder socialista.

O primeiro-ministro agradeceu às entidades nacionais que contribuíram com 10 milhões de euros para o esforço financeiro associado à vacinação.

António Costa está em isolamento profilático, apesar de ter testado negativo para o coronavírus, no Palácio de São Bento, após ter estado em contacto com o presidente francês, Emmanuel Macron, que está infetado.

A vacinação começou um dia depois do primeiro lote com 9.750 vacinas, desenvolvida pela Pfizer-BioNTech, ter chegado a Portugal e que se destina aos profissionais de saúde dos centros hospitalares universitários do Porto, São João, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central.

Este lote de 9.750 doses será reforçado com a antecipação da entrega de mais 70.200 doses, que têm chegada prevista para segunda-feira, elevando o total disponível para administração até ao final do ano para 79.950 vacinas.

Entre dezembro e o primeiro trimestre de 2021, que corresponde ao período da primeira fase definida pela‘task-force responsável pelo plano de vacinação, Portugal espera receber 1,2 milhões de vacinas, distribuídas por três períodos: 312.975 doses no acumulado de dezembro e janeiro, 429 mil doses em fevereiro e 487.500 em março.

Maria Campos, ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Não sei onde foi parar o meu comentário anterior… Lá por a televisão mostrar um director a tomar uma vacina eu não tenho que acreditar que seja a vacina contra a Covid-19, ou será que tenho? Posso ter problemas com a justiça por causa disso?? Afinal que raio de democracia é esta? Ou será uma ditadura? Se é uma ditadura avisem s.f.f. que eu fico de “bico” fechado! O.K.?

    • Pois é, se passa na televisão, só podem ser notícias falsas. Aquilo que lês no Facebook é que deve ser tudo verdade: isto é tudo uma grande conspiração e a Terra é plana.

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