O Banco de Portugal (BdP) informou esta quarta-feira que a auditoria forense ao Grupo BES está numa fase “muito avançada” mas ainda por terminar, esclarecendo que os relatórios finais não vão ser publicamente divulgados.
Num esclarecimento hoje divulgado, o banco central refere que “o trabalho dos auditores externos da Deloitte, pedido em julho, encontra-se numa fase já muito avançada mas não está ainda concluído”.
Assim que os relatórios finais da auditoria sejam entregues ao Banco de Portugal e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), “passarão a integrar os processos sancionatórios já instaurados ou a instaurar no âmbito dos quais, salvaguardadas todas as garantias de defesa dos visados, se fará o apuramento de eventuais responsabilidades contraordenacionais, designadamente de responsabilidades individuais”, afirma a instituição liderada por Carlos Costa.
O BdP refere ainda que, uma vez que os relatórios finais incluem “indícios de factos relevantes do ponto de vista criminal”, os reguladores “não deixarão de, como é seu dever, fazer a respetiva comunicação ao Ministério Público” para que sejam “apuradas todas as responsabilidades”, sem no entanto especificar as referidas responsabilidades.
“Por esta razão, os relatórios finais da auditoria não serão alvo de divulgação pública“, argumenta o Banco de Portugal.
Em julho, o BdP decidiu realizar uma auditoria forense ao Grupo Banco Espírito Santo, recorrendo aos serviços de auditoria externa da Deloitte, tendo convidado a CMVM a juntar-se ao processo no âmbito das suas competências, um convite que a entidade presidida por Carlos Tavares aceitou.
O objetivo desta auditoria é aprofundar a análise das situações identificadas pelos reguladores, até 31 de julho de 2014, no âmbito da supervisão ao Grupo BES, para “recolher e, até onde for possível no contexto da auditoria, documentar a existência de indícios de eventuais práticas ilícitas levadas a cabo pelo Grupo BES e/ou pelos membros dos seus órgãos sociais”.
A 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, após o banco ter apresentado prejuízos semestrais de quase 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição.
No chamado banco mau (‘bad bank’), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas, enquanto no ‘banco bom’, o banco de transição que foi designado Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.
/Lusa
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