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“António Costa está com medo da sombra e psicologicamente frágil”

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Carlos Barroso / Lusa

Luís Marques Mendes

Neste domingo à noite, Luís Marques Mendes destacou uma frase do primeiro-ministro, António Costa, para garantir que mostra o “estado de espírito” de quem está com “medo”.

Este sábado, na tomada de posse, António Costa afirmou: “cada eleição vale por si e nenhuma se substitui às demais ou altera o mandato da Assembleia da República ora eleita”. Para Luís Marques Mendes, este foi um “momento” que “passou despercebido” nas análises feitas aos discursos proferidos este fim de semana no Palácio da Ajuda.

Segundo o comentador do Jornal da Noite da SIC, esta frase é da maior importância, uma vez que destaca o “estado de espírito” do primeiro-ministro que, segundo Marques Mendes, sente “medo”.

“Medo” de um “mau resultado” nas eleições autárquicas, no outono de 2021; “medo” da forma como decorrerá o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, que, sendo o caso, será reeleito em janeiro de 2021; e “medo” de possíveis eleições legislativas antecipadas.

António Costa está com medo da sombra e psicologicamente frágil”, sublinhou o comentador político, citado pelo Expresso, acrescentando tal “fragilidade psicológica pode dar fragilidade política”.

O ex-líder do PSD prevê que neste mandato “as coisas não vão correr bem”. Para Marques Mendes, o facto de haver “ministros muito desgastados”, “faz lembrar o terceiro Governo de Cavaco Silva (1991-1995)”.

O comentador antevê mesmo uma remodelação, já em 2021, na qual entrarão Mário Centeno e Augusto Santos Silva (Centeno poderá até querer sair antes, diz). Na ocasião, também na Ciência, Saúde e Educação haverá troca de ministros.

Mesmo assim, “acho que o Governo durará quatro anos: primeiro, porque António Costa não se demite”. Na opinião de Marques Mendes, quando Costa disse “comigo não haverá pântanos”, “o que ele quis dizer foi que não se demitirá como fez Guterres; depois, porque a oposição não o consegue derrubar. A esquerda toda juntar-se a toda a direita para derrubar um Governo de esquerda é uma missão quase impossível”.

Ainda assim, admite que será cada vez mais premente o tema da sucessão de António Costa no PS e quem disputará a liderança com Pedro Nuno Santos. Fernando Medina, Ana Catarina Mendes, Francisco Assis são algumas hipóteses apontadas por Mendes.

Discursos no Palácio da Ajuda

Quanto ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador afirma ter visto um discurso “diferente do habitual”: o Presidente da República foi “justo na análise do passado” [do Governo de Costa]; “distante na análise do presente”, remetendo as opções tomadas para a “responsabilidade do primeiro-ministro”; e, sobre o que Costa tem pela frente, “mais exigente do que o habitual, para memória futura”.

Já sobre a intervenção do primeiro-ministro, Marques Mendes disse que teve “muita substância”. Ainda assim, tendo recordado os quatro objetivos estratégicos assumidos no programa do Governo [alterações climáticas, demografia, desigualdades e sociedade digital ], salientou que houve aspetos omissos, sobre os quais Costa não disse “nem uma palavra”.

Há questões cruciais às quais “faltam” respostas e, na opinião de Marques Mendes, são três: crescimento económico, competitividade fiscal e investimento público.

Houve tempo ainda para “anúncios bons”: o aumento do salário mínimo e o fecho antecipado das centrais termoelétricas do Pego e de Sines, e um “anúncio completamente demagógico” – a promessa de Conselhos de Ministros descentralizados.

O Governo está a preparar a retirada de três secretarias de Estado de Lisboa para locais como Castelo Branco, Bragança e Guarda. Algo que o comentador considera não ser mais do que “show off, apenas a pensar nas eleições autárquicas”, rematou.

ZAP //

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