Esta quinta-feira, assinalam-se quatro anos do grande incêndio de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, que provocou a morte a 66 pessoas.
Quatro anos depois do incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou ao início da tarde de 17 de junho de 2017 e provocou a morte de 66 pessoas, há ainda cinco casas por reconstruir, avança o jornal Público. Em causa estão duas habitações no concelho de Pedrógão Grande, duas em Figueiró dos Vinhos e uma em Castanheira de Pera.
Ao diário, o Instituto de Segurança Social (ISS), que preside ao Fundo Revita (criado para gerir donativos e a reconstrução das primeiras casas), sublinha que apenas 99 das 259 reconstruções estão sob alçada desta estrutura.
Destas, 89 estão concluídas e das 10 que faltam, cinco estão em execução e outras cinco “intervenções encontram-se suspensas em virtude do processo judicial em curso”, explicou.
Além destas cinco casas que têm o processo suspenso, há outras três, cujo processo não está sob alçada do Revita, que também se encontram na mesma situação. Todas estão habitações situadas em Pedrógão Grande.
Relativamente às cinco casas que estão em execução, o ISS diz que a demora se “deve fundamentalmente a questões de natureza técnica e financeira, nomeadamente ligadas a alterações de projeto e necessidades de financiamento complementar”, e estima que “deverão ficar concluídas durante este ano“.
Além das 66 vítimas mortais, o incêndio em Pedrógão Grande causou 253 feridos, sete dos quais graves, e destruiu cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
Em declarações à Antena 1, Dina Duarte, presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, afirmou que a vegetação está em pior estado do que em 2017.
“Verificamos que aquilo que nos rodeia não está melhor, está pior do que há quatro anos. E porquê? Porque muito pouco foi limpo do que ardeu (…) e este é o trabalho maior que nós consideramos que tem de ser feito”.
Seria “impossível” concluir reforma florestal em 4 anos
“É cedo para achar que as mudanças deviam estar todas concluídas, não estão. Estamos a falar de uma maratona e não de um sprint. A próxima década vai ser de grandes desafios para que se consiga levar este navio a bom porto”, disse a secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar, em entrevista à agência Lusa.
A governante sublinhou que, desde 2017, o dispositivo de combate a incêndios florestais melhorou e “está mais estabilizado”, há mais formação para os agentes de proteção civil, existe uma diretiva integrada de prevenção e combate e, pela primeira vez, há uma diretiva para a vigilância e deteção, além das entidades trabalharem cada vez mais em conjunto e em convergência e existir uma rede automática de aviso à população.
“Houve muita coisa que já foi feita e ainda há muito para fazer. Seria impossível esperar que este programa de transformação estivesse pronto em quatro anos”, sustentou.
Patrícia Gaspar considerou “importante continuar a falar” de Pedrógão Grande para que se possa “honrar a memória das vítimas” e para que consequências de tal dimensão não voltem a acontecer.
“Mesmo que se continue a ter no país ocorrências daquela dimensão, porque sabemos que o risco existe, não pode ter aquele impacto”, precisou.
A secretária de Estado deixou claro que “o risco zero nunca vai existir”, frisando que Portugal vai “sempre ter incêndios enquanto existir floresta”, mas o grande objetivo passa por garantir que a floresta é “cada vez mais resiliente ao fogo e onde a ação de combate tenha que ser cada vez menos expressiva”.
Segundo a secretária de Estado, o dispositivo de combate a incêndios está estabilizado do ponto de vista numérico, tendo este ano o número mais elevado de operacionais desde 2017, ultrapassando os 12 mil.
“Não acredito que cresça muito mais nos próximos anos porque este é o dispositivo adequado àquela que é a realidade normal do nosso verão. O ponto crítico de sucesso é ter capacidade de flexibilizá-lo em função do risco”, disse.
A governante salientou que “a grande chave é conseguir gerir e flexibilizar este dispositivo em função da realidade que temos no terreno a cada momento”.
Patrícia Gaspar disse ainda que o objetivo passa por “conseguir antecipadamente reorganizar o dispositivo para que esteja mais forte nas zonas onde seja mais necessário, quer do ponto de vista dos meios terrestres, quer do ponto de vista dos meios aéreos”.
Além das mudanças no sistema, a secretária de Estado disse que, depois de 2017, Portugal e os portugueses “ganharam uma perceção completamente distinta daquilo que são os riscos ou a dimensão de algumas catástrofes”.
Partículas do incêndio detetadas nos Alpes suíços
De acordo com o jornal Público, a 30 de junho de 2017, uma equipa de investigadores suíços detetou partículas provenientes do incêndio de Pedrógão Grande perto da estação de investigação de Jungfraujoch, a 3580 metros de altitude.
A descoberta foi descrita num artigo publicado, em novembro de 2020, na revista científica The Cryosphere, um jornal científico da União Europeia das Geociências.
Na neve acumulada, os investigadores encontraram níveis de carbono negro e de partículas microscópicas de carvão acima do normal, tendo depois concluído que estes dados se explicavam pelo incêndio em território português.
Tal como cita o diário, “excecional” foi a distância percorrida até esta formação rochosa – 1500 quilómetros –, que só pode ser explicada pela intensidade do fogo.
ZAP // Lusa
Incêndio em Pedrógão Grande
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Não há problema. Vão lá fazer uma piscina gigante!
Mas quem é esta gente que tem o controlo da nação?!!