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Presidente do PSD Oeiras demite-se depois de Rio rejeitar apoiar Isaltino Morais

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Mário Cruz / Lusa

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio

O presidente da Comissão Política do PSD de Oeiras, estrutura que declarou apoio à candidatura do independente Isaltino Morais à liderança do município, demitiu-se, conforme anunciou esta quinta-feira o próprio, depois de a Comissão Política Permanente do partido ter contrariado a decisão.

Numa mensagem divulgada na sua página na rede social Facebook, Armando Cardoso Soares refere que quando venceu as eleições internas, no fim de 2019, definiu uma estratégia — que “não saiu vencedora” — para fortalecer a social-democracia no concelho, vendo neste ano de eleições autárquicas “a oportunidade para unir formalmente militantes e independentes, que na prática sempre mantiveram laços de amizade, companheirismo e de identificação ideológica”.

O presidente demissionário — que foi adjunto de Isaltino Morais quando o autarca governava como independente — sublinha que Oeiras, no distrito de Lisboa, é “um exemplo isolado no panorama nacional“, na governabilidade e no desenvolvimento, e que isso “se deve à liderança política do presidente Isaltino” e aos sociais-democratas que o têm acompanhado, tanto quando foi eleito pelo PSD como enquanto independente.

Foi por isso natural a proposta de apoio à recandidatura de Isaltino Morais, votada na concelhia e reforçada na distrital de Lisboa do PSD, sem margem para dúvidas. “Sobre todo esse processo espero nunca vir a falar publicamente, encerrando-o agora”, escreve o também vereador com pelouros no município.

Também nas autárquicas de 2005, recorda, as duas secções sociais-democratas existentes então no concelho (Oeiras e Algés) validaram o nome de Isaltino Morais, sufragado na distrital, e viram a escolha ser vetada pela comissão política nacional, que indicou Teresa Zambujo como cabeça de lista.

“A consequência de todo este percurso é a de naturalmente me demitir da presidência da Comissão Política do PSD/Oeiras, porque a estratégia que defendemos e pela qual eu dei a cara não será a que vai ser implementada”, afirma Armando Cardoso Soares, desejando “a melhor das sortes” ao candidato do PSD, Alexandre Poço, que descreve como “excelente deputado” e “quadro de referência” no partido, bem como uma “acertada escolha” no contexto da decisão da comissão permanente.

O social-democrata diz continuar a acreditar que o presidente do PSD, Rui Rio, “merece ser o próximo primeiro-ministro de Portugal“.

Na semana passada, o presidente do PSD anunciou que o líder da JSD, Alexandre Poço, será candidato ao município: “Decidimos que o PSD não poderia deixar de apresentar, pela primeira vez, um candidato no décimo maior concelho em termos populacionais e que, em termos económicos, está seguramente acima do décimo”.

Rui Rio admitiu que “ganhar Oeiras a Isaltino Morais não é uma impossibilidade, mas é muito difícil“, e referiu que o partido vai “dar uma solução de futuro” ao município.

No início de abril, o PSD tinha informado que a direção recebeu das estruturas concelhia e distrital a proposta de não se apresentar a votos no concelho e “dar liberdade aos militantes de integrar outras listas”. No final desse mês, Isaltino Morais, de 71 anos, anunciou a sua recandidatura como independente à presidência nas autárquicas deste ano, que ainda não têm data, mas decorrem entre setembro e outubro.

O autarca foi eleito presidente da Câmara de Oeiras com maioria (41,68%) nas eleições de 2017, encabeçando a lista pelo Movimento Inovar, Oeiras de Volta. O autarca foi eleito para o cargo pela primeira vez em 1985, pelo PSD, e renovou os mandatos nas eleições de 1989 até 2009, com uma interrupção de três anos. Durante parte deste período, foi ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente. Foi eleito pelo PSD pela última vez em 2001.

Em 2005, quando era arguido num processo judicial relacionado com contas bancárias na Suíça não declaradas ao Tribunal Constitucional, desfiliou-se do partido, depois de este não ter apoiado a sua candidatura.

Nesse ano, continuou à frente da autarquia como independente, abandonando o cargo em 2013 para cumprir pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Enquanto esteve preso, o movimento com o seu nome venceu as autárquicas, numa lista liderada pelo vice-presidente do executivo, de quem entretanto se afastou.

PSD pondera apoiar Fernando Ruas em Viseu

A direção nacional do PSD vai indicar nos próximos dias o nome do candidato à Câmara Municipal de Viseu. Há dois candidatos na balança: Fernando Ruas, deputado à Assembleia da República e ex-presidente da Câmara de Viseu, e João Paulo Gouveia, vice-presidente do executivo, que se disponibilizou para avançar.

De acordo com o jornal Público, a direção nacional fez dois estudos de opinião para testar os nomes e ambos tiveram bons resultados que garantem a vitória ao PSD nas autárquicas.

Fernando Ruas, contudo, recolhe maior percentagem nas intenções de voto dos viseenses. Já João Paulo Gouveia conta com o apoio das juntas de freguesia do concelho, de alguns vereadores e da concelhia, estrutura à qual preside.

A direção nacional considera ainda que são “dois excelentes nomes” para disputar as eleições, mas é provável que a escolha venha a recair em Fernando Ruas, presidente da Comissão Parlamentar de Administração Pública, Modernização Administrativa, Descentralização e Poder Local.

Em declarações ao matutino, um responsável do PSD disse que Fernando Ruas é “desejado” por muita gente do partido. Além disso, “há muita gente na comunidade que deseja o seu regresso, perante a situação trágica que ocorreu [morte de Almeida Henriques]. É natural que perante uma situação destas as pessoas procurem alguém em quem tenham confiança.”

ZAP // Lusa

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9 Comments

    • Já esteve preso tendo cumprido a pena de acordo com a lei.
      Quer aplicar-lhe prisão perpétua?
      Este pelo menos prevaricou e cumpriu. Mas há por aí muitos, de quem todos os dias se fala na CS, que vão empurrando com a barriga para a frente os processos e continuam a fazer a sua bela vidinha em liberdade.
      Contrariamente ao que muitos pensam não foi condenado por corrupção, mas sim por fraude fiscal.
      E por fraude fiscal uma boa parte dos portugueses seria condenada. Mas era preciso apanhá-los.

      • É… uma boa parte portugueses tem um conta na Suíça com milhões em nome de um sobrinho taxista!…
        E claro que esses milhões nada tem nada a ver com corrupção – sairam numa raspadinha…

        • Se tem provas da corrupção porque não as apresenta no Ministério Público como é o dever de qualquer cidadão.
          O Ministério Público investigou-o e acusou-o por fraude fiscal, certamente desconhecendo que você tinha provas da corrupção.
          Ele há coisas…
          O que vale é que o Isaltino não sabe que é aqui acusado por si de ser corrupto. Caso contrário…

    • Já esteve!!!!! Cumpriu pena, logo presume-se “regenerado”. Pode questionar-se se o nosso direito deveria permitir que se recandidatasse, dado que foi condenado precisamente no exercício das funções que neste momento se encontra a exercer e às quais se vai recandidatar. Mas o nosso direito não o proíbe.
      Há um caso pior na política portuguesa, o de Macário Correia. Foi condenado sem benefício próprio por alegados atropelos ao PDM. Acabou politicamente. Não tenho dessa criatura a imagem que se tenha aproveitado pessoalmente. No entanto, foi arrumado.

  1. De Rui Rio não seria de esperar outro posicionamento, para bem da responsabilidade e decência, atributos que o candidato independente não tem nem nunca teve.
    É vergonhoso para o partido, ter nas suas fileiras alguém que de alguma forma pretenda legitimar ou sequer apoiar, um candidato com o passado criminoso de Isaltino, de resto, a este tipo de pessoas devia estar vedada a possibilidade de poder concorrer a qualquer cargo público.
    Pelos vistos, ex presidente da comissão política de Oeiras, fez muito bem em se demitir, nenhum partido necessita de homens como você.

  2. A diferença entre políticos-espalhafato (como o ex-presidiário Isaltino Morais) e políticos de rectidão, integridade e transparência (como o Líder do PSD Rui Rio), é que estes últimos não andam a lamber o traseiro à Maçonaria, como Isaltino faz.

    Mais: se o Presidente do PSD Oeiras se quer ir embora por não ver Isaltino apoiado, então já vai tarde. Se há coisa que faça tanta falta como a fome, são as quadrilhas maçónicas na política.

  3. Muito bem !!! Se a politica portuguesa e alguns portugueses eleitores tivessem princípios este episódio não existiria, e o Sr isaltino a muito tempo que estaria a trabalhar ou a viver do seu golpe mas nunca a exercer funções de poder.

  4. Rui Rio parece ser um dos poucos políticos com princípios no país e sem medo de enfrentar lobbys de interesses diversos. Esse sr. Isaltino tem todo o direito a refazer a sua vida ,mas nunca em cargos públicos cujo desempenho só deveria ser exercido por pessoas de honestidade imaculada

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