Na próxima quinta-feira, a recém-criada task force para a testagem em massa vai reunir-se pela primeira vez – 43 dias depois de a ministra da Saúde, Marta Temido, ter anunciado esta estratégia.
A 10 de fevereiro, a ministra da Saúde, Marta Temido, defendeu no Parlamento a necessidade de avançar para a testagem em massa da população. Marta Temido anunciou também que ocorreria uma mudança nos critérios da Direção-Geral de Saúde (DGS), o que se concretizou poucos dias depois.
Contudo, a criação da task force só foi formalizada na passada semana, a 18 de março, através de um despacho. O documento publicado em Diário da República determinou a criação de um grupo de trabalho para a promoção do “Plano de Operacionalização da Estratégia de Testagem em Portugal”.
De acordo com o jornal digital Observador, os detalhes desta estratégia só serão conhecidos depois da reunião de quinta-feira.
Contudo, segundo disse na reunião do Infarmed Ricardo Mexia, médico do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), os testes deverão ser feitos a um grande número de pessoas, mas serão definidos critérios claros, mas dinâmicos, que se adaptem aos diferentes movimentos da curva pandémica.
O plano de testagem massiva vai incidir nas zonas onde há mais casos, nos locais onde há maior exposição e entre as populações mais vulneráveis e serviços essenciais.
Vai existir também um sistema de notificação para informar de forma “ágil” da testagem, “seja por plataformas web ou aplicações”, e “tem de haver forte capacidade de resposta” aos casos verificados.
Testes nas escolas deviam ser duas vezes por semana
Neste momento, o plano do Governo para a testagem nas escolas passa por fazer um único teste ao pessoal docente e não docente. Apenas nas regiões com maior incidência – acima dos 120 casos positivos por 100 mil habitantes – é que os testes rápidos serão repetidos passados 14 dias.
“O que sugeri foi que a testagem devia ser feita em contexto ocupacional. As escolas são um exemplo, como as fábricas, porque são locais que juntam muita gente. O ideal é fazer dois testes rápidos por semana. Se não for possível, pelo menos uma vez por semana. Se forem feitos uma única vez de pouco serve”, explicou o epidemiologista Manuel Carmo Gomes.
Como os testes rápidos não têm uma sensibilidade muito alta, já que só detetam casos positivos quando o infetado tem uma carga viral alta, “temos de ter uma malha relativamente apertada para conseguir apanhar os casos.”
Já a substituição de testes de antigénio pelos testes PCR não era viável, porque “seriam demasiado caros e, por outro lado, os resultados demorariam mais tempo”, segundo o mesmo epidemiologista.
A outra questão dos testes feitos em casa, que agora se podem comprar em farmácias e supermercados, é que, apesar de os resultados terem de ser reportados, a forma como isso tem de ser feito implica um sistema que nem toda a gente vai usar.
Testes a sem-abrigo, trabalhadores sazonais e migrantes
De acordo com o jornal Público, a task force vai fazer chegar os testes de rastreio aos trabalhadores sazonais, aos sem-abrigo e aos migrantes, bem como a outras populações vulneráveis.
“O objetivo é a promoção da testagem massiva e sistemática da população, mas pretende-se que essa testagem seja feita com base em critérios objetivos, claros e adequados ao contexto”, disse Ricardo Mexia, acrescentando na “populações mais vulneráveis”, incluem-se “os trabalhadores sazonais, os migrantes e os sem-abrigo, além de outras que venham a ser identificadas”.
A estratégia de testagem não excluirá “os profissionais dos serviços essenciais, como as forças de segurança, os serviços de saúde e os bombeiros, entre outros”.
O modelo a adotar “é participativo” e deverá envolver, além das autarquias e da administração central, todo o setor social, onde se integram creches, lares de idosos e unidades da rede de cuidados continuados integrados, e também o setor privado, como as farmácias, o setor do comércio, indústria e agricultura, e a organização de eventos de massa.
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