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Bélgica enfrenta “tsunami” de infeções. Irlanda e País de Gales são os primeiros a voltar a confinar

Stephanie Lecocq / EPA

O número de casos de covid-19 na Bélgica está a aumentar a um nível galopante, sendo que o ministro da Saúde se refere mesmo a um “tsunami” de infeções. Entretanto, já há países europeus a regressar ao confinamento total.

A Bélgica está a enfrentar um “tsunami” de infeções, segundo alertou o ministro da Saúde, Frank Vandenbroucke, numa entrevista à RTL.

O governante disse que os belgas precisam de mudar radicalmente o seu comportamento para controlar os contágios.

Para Vandenbroucke, a situação na Valónia e na capital, Bruxelas é “a pior, e por isso a mais perigosa de toda a Europa”.

“Somos a região mais afetada em toda a Europa. Estamos muito perto de um tsunami… em que já não controlaremos o que está a acontecer. Agora ainda controlamos o que acontece, mas com enormes dificuldades e esforço”, disse Vandenbroucke.

A partir desta segunda-feira e durante quatro semanas, todos os bares e restaurantes do país vão fechar. A venda de álcool está proibida a partir das 20h e entra em vigor o recolher obrigatório entre a meia-noite e as 5h.

Os belgas só podem ter um contacto próximo fora do agregado familiar. As visitas em casa também estão limitadas a quatro pessoas desde que mantenham o distanciamento social.

O novo primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, admitiu que a situação na Bélgica é pior agora do que foi em março, quando o país foi colocado em confinamento.

Nos últimos 14 dias, a Bélgica registou 756 infeções por cem mil habitantes. Ao todo, a Bélgica, com uma população de 11,6 milhões, já registou mais de 222 mil casos e mais de dez mil mortos de covid-19.

Primeiro país da UE regressa ao confinamento

A Irlanda decretou esta segunda-feira o alerta máximo do plano de combate à pandemia de covid-19, que obriga os cidadãos a permanecerem em casa e o encerramento de bares, restaurantes e comércios não essenciais, mantendo abertas escolas e creches.

O novo confinamento, menos restrito que o imposto na primeira vaga da pandemia do novo coronavírus, entrará em vigor na próxima quinta-feira e durará seis semanas, prevendo levantar progressivamente as restrições até ao início de dezembro, para que a economia possa recuperar durante o período natalício.

Com as novas restrições, os bares e restaurante apenas poderão oferecer o serviço de venda de comida para fora, serão proibidas todas as reuniões familiares e não serão permitidas visitas a outras residências.

Para quem vive sozinho foi criado um programa para permitir às pessoas em risco de isolamento social ou com problemas de saúde mental receber outras pessoas em casa.

As deslocações não essenciais, como passeios ou saídas de casa para exercícios físicos, serão limitadas a um raio de cinco quilómetros.

A população só poderá abandonar os respetivos condados para trabalhar, estudar ou “por outros propósitos essenciais”, apesar de o governo recomendar que se trabalhe a partir de casa sempre que tal for possível.

Os serviços de transporte vão passar a funcionar com 25% da capacidade – apenas para trabalhadores essenciais.

País de Gales também impõe confinamento total

Já o País de Gales vai impor, partir de sexta-feira, um confinamento total de duas semanas para tentar reduzir os contágios pelo novo coronavírus, anunciou o primeiro-ministro Mark Drakeford.

Segundo as regras, todas as pessoas têm de ficar em casa – exceto os trabalhadores essenciais, que podem continuar a deslocar-se para o trabalho.

Os ajuntamentos estão proibidos e os contactos limitados ao agregado familiar – com exceção dos adultos que vivam sozinhos e os pais solteiros.

“Um período de confinamento para quebrar as cadeias de contágio é a nossa melhor hipótese de recuperar o controlo do vírus e evitar um confinamento mais longo e prejudicial a nível nacional”, afirmou Drakeford. “Se não agirmos agora, o NHS (o serviço nacional de saúde britânico) não vai conseguir dar resposta ao número de pessoas que vão ficar doentes”.

Na próxima semana, as escolas vão também encerrar para um período de férias, deixando apenas abertas as escolas primárias, os estabelecimentos de ensino especial e os infantários.

Em Espanha, Navarra, com cerca de 650 mil pessoas, vai ficar confinada a partir de quinta-feira e durante 15 dias – exceto para casos excecionais, como trabalho, serviços essenciais ou de emergência.

A presidente do Governo de Navarra, María Chivite, anunciou além do confinamento, o encerramento às 21h de bares, restaurantes e outros estabelecimentos desportivos e culturais, bem como a restrição de reuniões fora do agregado familiar.

Em Espanha, mais de 5,6 milhões de pessoas são já alvo de medidas idênticas, tomadas principalmente ao nível de municípios, como por exemplo as mais de 3,2 milhões na capital do país, Madrid.

Estas medidas, que afetam um total de 36 municípios, 16 dos quais em Madrid e nove em Castela e Leão, procuram evitar um regresso ao confinamento domiciliário, como aconteceu aquando da primeira vaga da pandemia de covid-19, e vão na mesma linha da Europa, onde as restrições são reforçadas e o recolher obrigatório foi mesmo adotado em cidades como Paris.

ZAP // Lusa

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