O presidente do PSD defendeu, esta quarta-feira, que o ministro das Finanças “não tem condições para continuar” no Governo, considerando que será uma má decisão se António Costa mantiver “um ministro que não lhe foi leal”.
“Se estava mal, com esta prestação na Assembleia da República, Mário Centeno ainda ficou pior. Não tem condições para continuar“, defendeu Rui Rio na sua conta do Twitter.
“Mal vai um primeiro-ministro que mantém um ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do Presidente da República, que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o primeiro-ministro anunciou”, acrescentou.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Rio lembrou ainda que, “hoje à tarde, no debate no Parlamento, a bancada do PS não o defendeu, limitou-se a criticar o passado para não ter de ficar calado”.
O líder do PSD referiu-se ainda à audição parlamentar de Centeno, na qual este disse que seria irresponsável não se pagar ao Fundo de Resolução e esperar pela auditoria. “Ao dizer isto, está a considerar que quer o primeiro-ministro quer o Presidente da República foram irresponsáveis“.
Questionado sobre se essa eventual demissão deve acontecer antes do debate do Programa de Estabilidade, esta quinta-feira, Rio remeteu a avaliação do timing para o primeiro-ministro.
No entanto, à pergunta se Centeno terá condições para protagonizar esse debate, o líder do PSD foi claro. “Pessoalmente acho que não tem, mas veremos se vem ou não, veremos quem é que o Governo manda amanhã”.
Rio fez questão de salientar que esta posição reflete “o que faria se estivesse no lugar do primeiro-ministro”. “Não é a oposição que faz remodelações, depois há um juízo político sobre o primeiro-ministro se mantém em funções um ministro das Finanças que tem este comportamento”, afirmou.
PS critica “declarações abusivas” de Rio
“Rui Rio fez há pouco declarações abusivas sobre aquilo que foi o debate desta tarde. O debate desta tarde não passou por saber se o ministro das Finanças, Mário Centeno, foi, é ou será ministro das Finanças. Do nosso ponto de vista isso não é minimamente discutível”, disse o vice-presidente da bancada do PS, João Paulo Correia.
Na perspetiva do deputado do PS, “Rui Rio quis desviar aquilo que foi o debate desta tarde para uma certa teoria da conspiração“, repudiando e lamentando que “isso tenha acontecido”.
“O senhor ministro das Finanças tem feito um trabalho notável ao serviço do país”, defendeu João Paulo Correia, considerando que o líder do PSD quis “desviar a atenção quando o PS meteu o dedo na ferida naquilo que foi a responsabilidade do PSD na resolução do BES”.
Paulo Rangel também pede demissão de Centeno
Em declarações à rádio Renascença, no programa “Casa Comum”, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, também já tinha pedido a demissão do ministro das Finanças. “Aquilo que em qualquer país normal aconteceria e, se um ministro das Finanças ocultou – ele já disse que ocultou –, evidentemente que tem de tirar consequências disso. Ou tem de ser demitido ou tem de se demitir”, defendeu.
“Isto não é uma coisa infantil, não é uma polémica. Estamos num momento em que estamos a falar de centenas e de milhares de milhões para salvar a economia e de prejuízos. Se há a necessidade de fazer isso para salvar um banco e evitar uma crise maior, isto tem de ser muito bem comunicado nesta altura. Não é uma coisa que uma pessoa se lembre no seu gabinete de fazer sem avisar o primeiro-ministro”.
Esta quarta-feira, na visita à fábrica da Autoeuropa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o primeiro-ministro “esteve muito bem” ao remeter nova transferência para o Novo Banco para depois de se conhecerem as conclusões da auditoria que abrange o período entre 2000 e 2018.
Também hoje, numa audição regimental da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) do Parlamento, o ministro das Finanças afirmou que a transferência de 850 milhões de euros “não foi feita à revelia” do primeiro-ministro.
O ministro das Finanças admitiu, em entrevista à TSF, “uma falha de comunicação” entre o seu gabinete e o do primeiro-ministro, dizendo que o que não houve foi uma “falha financeira”, a qual “teria um caráter desastroso para o sistema financeiro e sistema bancário em Portugal”, considerando que Portugal – no meio de uma crise severa como a atual – “não se pode dar ao luxo de pôr um banco em risco”.
ZAP // Lusa