Regresso à nova normalidade depende de um número mágico – é o 0,7

Tiago Petinga / Lusa

Para que Portugal possa voltar gradualmente à nova normalidade pós-pandemia, é importante que o número médio de contágios por pessoa atinja os 0,7.  

De acordo com o semanário Expresso, que avança a notícia esta quinta-feira, os técnicos e especialistas apontaram este valor na recente reunião, que decorreu no Infarmed, em Lisboa, e voltou a juntar as mais  altas figuras do Estado, líderes partidários, técnicos da Direção Geral de Saúde (DGS) e especialistas do Instituto Ricardo Jorge.

O potencial de contágios – métrica conhecida como R0 – trata-se de um indicador utilizados pelos especialistas para calcular quantas pessoas é que um infetado poderá contagiar – na prática, o R0 mede a velocidade de propagação de um vírus.

Quando o valor do R0 (número básico de reprodução) está acima de 1, cada doente pode contagiar mais do que uma pessoa. Já quando o valor é inferior a 1, a transmissão de um vírus ainda é possível, mas a tendência é para que o número de casos vá reduzindo ao longo do tempo até que, eventualmente, o surto termine.

Em Portugal, o R0 tem vindo a diminuir: estará perto dos 0,87 na média nacional e até a região norte, onde a incidência do vírus é maior, já terá baixado para 1.

Para regressar à nova normalidade e pensar em aliviar medidas, este número deverá cair para 0,7, tal como apontaram os especialistas citados pelo Expresso, que nota ainda que foi a partir deste número que países como a Noruega começaram a levantar restrições.

Nesta reunião, os especialistas de saúde pública ouvidos abordaram, pela primeira vez, cenários de reabertura do país, o que parece indicar, segundo o Expresso, que os epidemiologistas estão de acordo de que é preciso deixar gradualmente o confinamento.

Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram em 2 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 599 óbitos entre 18.091 infeções confirmadas.

Entre esses doentes, 1.200 estão internados em hospitais, 383 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.