Rui Tavares diz que polémica com Joacine “não é o fim do Livre”

Manuel de Almeida / Lusa

Na sua primeira entrevista da crise interna do partido, o ex-eurodeputado e fundador do Livre, Rui Tavares disse que estas polémicas “não [são] o fim do Livre”.

“Eu sinto-me orgulhoso dos meu camaradas e confiante de que isto, ao contrário do que nos vaticinam, não é o fim do Livre mas, se calhar, pode ser o princípio do Livre”, disse o fundador daquele partido, em declarações à Notícias Magazine. “Aquilo que distingue os partidos é como sabe resolver [as dificuldades].”

Rui Tavares deixou vários recados alusivos às polémicas com Joacine Katar Moreira. Sobre o relacionamento com os media, Rui Tavares diz que este tem de ser de “cordialidade, responsabilidade, respeito e acessibilidade” e que, embora não se possa permitir que o Livre “[mande] no comportamento individual” dos seus representantes, tem de ser “muito claro em relação ao que se pode fazer em seu nome”.

O fundador do Livre rejeitou a noção de que o partido possa ser monopolizado por uma só figura. “No Livre, qualquer pessoa será sempre um fim em si mesma, nunca ninguém será um meio para qualquer coisa. E, no dia em que isso acontecer, isso teria sempre a minha mais firmíssima oposição”, sublinhou.

Rui Tavares comentou as polémicas em torno do assessor parlamentar do Livre, Rafael Esteves Martins, que se destacou na primeira sessão da Assembleia da República da presente legislatura ao vestir uma saia. Rui Tavares disse não ter “absolutamente nenhum pejo em assumir um certo conservadorismo” no sentido em que “quem deve ser notícia é a deputada e o deputado” e não o seu assessor.

Rui Tavares rejeitou a ideia de o Livre poder vir a ajudar na aprovação de um Orçamento do Estado que, juntamente com os votos do PAN e dos deputados do PSD Madeira, permitam ao Governo que evite negociar com os partidos da “geringonça”.

As declarações de Rui Tavares surgem depois de a Comissão de Ética e Arbitragem (CEA) do Livre ter divulgado o seu parecer sobre a semana em que foi aberta uma fratura em público entre o Grupo de Contacto e a deputada Joacine Katar Moreira.

Na origem da discórdia, esteve a abstenção da deputada numa votação de condenação de uma ação militar de Israel na Faixa de Gaza.

A deputada do Livre assume “toda a responsabilidade” do voto, afirmando que o fez contra o que acredita, e atirou as culpas ao partido por “dificuldade de comunicação” entre a própria e a atual direção do Livre.

Nos corredores do Parlamento, Joacine não respondeu a perguntas. Seguia acompanhada pelo seu assessor, Rafael Esteves Martins, e escoltada por um segurança, que tentou afastar os jornalistas.

Entretanto, a tensão agravou-se ainda mais quando a deputada falhou o prazo de entrega do projeto de lei sobre a nacionalidade, uma das principais bandeiras do partido.

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