O presidente do PSD escolheu para novo vice-presidente do partido o presidente da câmara de Ponta Delgada, que substitui no cargo Manuel Castro Almeida.
“José Manuel Bolieiro é a partir de agora o novo vice-presidente do PSD, substituindo no cargo Manuel Castro Almeida”, anunciou o partido este domingo à noite, numa nota enviada à imprensa.
O anúncio do novo vice-presidente surge horas depois de ser conhecida a demissão de Manuel Castro Almeida, que afirmou ao Público ter renunciado formalmente ao cargo de vice-presidente a 20 de junho.
“Formalizei a minha demissão no passado dia 19 de junho em conversa com o presidente [do PSD, Rui Rio] e, no dia 20, formalizei a minha renúncia por escrito”, disse ao Público Castro Almeida, numa notícia publicada ao final da tarde na edição ‘online’ do jornal.
O ex-vice do PSD não concorda com a forma centralista como Rui Rio gere o partido e acusa o atual presidente dos sociais-democratas de não ouvir quase ninguém antes de tomar decisões importantes.
O último episódio que desagradou o vice-presidente, assim como muitos dos apoiantes do líder social-democrata, foi a revelação dos cabeças de lista para diversos círculos eleitorais às eleições legislativas. Rio deixou de fora muitos dos que trabalham com ele e muitas figuras importantes, optando por nomear caras novas, alguns, inclusive, totalmente desconhecidos do PSD.
Fonte próxima da direção do PSD disse à Lusa que o antigo autarca deixou de comparecer às reuniões da Comissão Permanente e da Comissão Política Nacional há cerca de um mês e que, perante esta situação “insustentável”, foi proposto a Castro Almeida que fosse feita a sua substituição de uma forma menos prejudicial ao partido a três meses das eleições.
Manuel Castro Almeida era um dos seis vice-presidentes de Rui Rio, a par de David Justino, Elina Fraga, Isabel Meirelles, Nuno Morais Sarmento e Salvador Malheiro.
Esta é a segunda baixa na direção de Rui Rio desde a sua eleição em Congresso em fevereiro de 2018, mas a primeira a dever-se a divergências políticas. Apenas um mês depois do Congresso, o então secretário-geral do PSD, Feliciano Barreiras Duarte, demitiu-se, depois de notícias relacionadas com irregularidades na sua licenciatura e dúvidas sobre subsídios que recebia enquanto deputado.
Marques Mendes comenta demissão
No seu comentário semanal, na SIC, o ex-líder do PSD Luís Marques Mendes – próximo de Castro Almeida – disse não ter falado com o antigo autarca antes da sua demissão e não conhecer ainda “as verdadeiras razões” da saída, afirmando ter sabido da notícia pela comunicação social.
Ainda assim, classificou a saída de Castro Almeida como “um ato de coragem” – dizendo ser precisa mais coragem para sair do que para ficar, quando se discorda – e considerou que devem ter sido “razões muito fortes”, apontando a relação “muito longa pessoal e política” que o antigo autarca tinha com Rui Rio.
No Facebook, durante a tarde, a presidente das Mulheres Sociais-Democratas, Lina Lopes, tinha classificado a demissão de Castro Almeida como “um frete ao arauto dominical das desgraças do PSD”.
“Esta demissão é a salvação de última hora para o comentador que, de outra forma, não poderia deixar de se limitar a elogiar o rasgo e a coragem demonstradas por Rui Rio nas nomeações para cabeças de lista do PSD”, escreveu Lina Lopes, numa referência implícita a Marques Mendes, verbalizando uma crítica repetida à Lusa por outros dirigentes sociais-democratas que não quiseram ser identificados.
Castro Almeida é uma figura de peso no partido e ocupou vários cargos de dirigente com diversos presidentes do PSD. Além disso, foi presidente da Câmara de São João da Madeira, distrito de Aveiro, cumprindo três mandatos (2001/2013) e deputado em três legislaturas e secretário de Estado do Desenvolvimento Regional no Governo de Passos Coelho. Também já tinha ocupado a secretaria de Estado da Educação e do Desporto, no terceiro Governo de Cavaco Silva (1993/95).
Como vice de Rio, representou o líder do partido, no ano passado, nas negociações do acordo sobre fundos estruturais para a próxima década (Portugal 20/30), com o então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
ZAP // Lusa
O único sério que lá estava acabou de sair.