Manuel Castro Almeida afastou-se da atividade partidária por estar descontente como a forma como o partido está a ser presidido por Rui Rio.
O vice-presidente do PSD Manuel Castro Almeida não concorda com a forma centralista como o atual presidente gere o partido. Castro Almeida acusa Rui Rio de não ouvir quase ninguém antes de tomar decisões importantes.
O último episódio que desagradou o vice-presidente, assim como muitos dos apoiantes do líder social-democrata, foi a revelação dos cabeças de lista para diversos círculos eleitorais às eleições legislativas. Rui Rio deixou de fora muitos dos que trabalham com ele e muitas figuras importantes, optando por nomear caras novas, alguns, inclusive, totalmente desconhecidos do PSD.
O Público tentou contactar Castro Almeida que, por diversas vezes, afirmou que não queria falar sobre o assunto.
No entanto, conforme avança o Expresso, Rui Rio perdeu, a três meses das eleições legislativas, um dos pesos-pesados da sua equipa: Castro Almeida já não será candidato a deputado, não estará na campanha, nem irá a mais nenhuma reunião na sede nacional do partido.
A ausência do vice-presidente nas reuniões da direção já levantavam suspeitas da desistência de Castro Almeida. De acordo com o semanário, o próprio transmitiu esta informação a Rui Rio, depois do último encontro na São Caetano à Lapa, após as europeias.
Contactado pelo Expresso, um amigo admite que o afastamento de Castro Almeida não é só um processo político, mas também “uma desilusão pessoal“. A palavra usada é “desconsideração”, porque havia entre os dois uma relação pessoal de lealdade que as divergências não deixaram resistir.
O vice-presidente é uma figura de peso no partido. De acordo com o diário, ocupou vários cargos de dirigente com diversos presidentes do PSD. Além disso, foi presidente da Câmara de São João da Madeira, distrito de Aveiro, cumprindo três mandatos (2001/2013) e deputado em três legislaturas e secretário de Estado do Desenvolvimento Regional no Governo de Passos Coelho. Também já tinha ocupado a secretaria de Estado da Educação e do Desporto, no terceiro Governo de Cavaco Silva (1993/95).
Como vice de Rio, representou o líder do partido, no ano passado, nas negociações do acordo sobre fundos estruturais para a próxima década (Portugal 20/30), com o então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.
Já no ano passado, numa entrevista ao Público e à Rádio Renascença, Castro Almeida criticava as divisões no partido e apelava a um aproximar de ambas as partes.
“É verdade que hoje há um clima de divisão, confrontação, de hostilidade no interior do partido que é excessivo, não é normal”, afirmou o advogado de 61 anos, destacando que este clima está a “prejudicar a afirmação do partido e não deixa o partido afirmar as suas mensagens”.
Nessa altura, o político já criticava a estratégia de comunicação do PSD. “O jogo de comunicação do Governo é muito mais poderoso do que o dos partidos da oposição. O PSD, por culpa nossa, não tem conseguido explicar isto às pessoas. Quando os portugueses interiorizam isto, esta realidade, pensam duas vezes e ficam abananados.”