South Korea Joint Chiefs Staff / EPA

Soldados sul-coreanos preparam altifalante de propaganda perto da fronteira com a Coreia do Norte.
Novo presidente sul-coreano quer pôr fim à longa guerra psicológica com o vizinho. Transmissões de poluição sonora na fronteira já incluíram K-pop e sons perturbadores.
A Coreia do Sul começou a remover os altifalantes da sua fronteira usados para transmitir mensagens contra a Coreia do Norte na zona desmilitarizada entre os dois países. Este é o mais recente gesto do presidente Lee Jae-myung, eleito este ano, para melhorar as relações com o vizinho.
“É uma medida prática para ajudar a aliviar as tensões com a Coreia do Norte, desde que tais ações não comprometam o estado de prontidão das Forças Armadas”, disse um porta-voz do governo.
Todos os altifalantes deverão ser retirados até ao final da semana. Seul já havia ordenado em junho a suspensão das transmissões, poucos dias após a tomada de posse do novo presidente de centro-esquerda. No ano passado, o então presidente conservador, Yoon Suk-yeol, retomara as mensagens em resposta ao envio de balões com lixo a partir da Coreia do Norte.
O conteúdo incluía músicas de K-pop — o muito popular género de música sul-coreano — e notícias internacionais.
Guerra psicológica
Por sua vez, o então presidente Moon Jae-in já tinha desmantelado, em 2018, os altifalantes. O seu governo concordara em interromper quaisquer atos hostis que pudessem ser fonte de tensão militar.
Os altifalantes fazem parte de uma longa tradição de guerra psicológica entre as duas Coreias. Os aparelhos foram usados durante cinco décadas para transmitir notícias, mensagens contra o regime norte-coreano e música popular para lá da fronteira.
Segundo Seul, a remoção dos altifalantes não foi coordenada com a Coreia do Norte. O novo governo pediu também a organizações civis que suspendam o lançamento de panfletos contra o regime norte-coreano através de balões.
“Instamos fortemente os grupos cívicos a cessarem as atividades de distribuição de panfletos para promover a paz e garantir a segurança dos residentes nas zonas fronteiriças”, disse Koo Byung-sam, porta-voz do Ministério da Unificação, numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira. As duas Coreias estão separadas por uma zona desmilitarizada com quatro quilómetros de largura.
Sul “continua a ser o inimigo”
O regime de Kim Jong-un continua a rejeitar uma aproximação, apesar de também ter desligado, em junho, os seus próprios altifalantes de propaganda. A interrupção de sons descritos como perturbadores para os residentes da zona fronteiriça ocorreu um dia depois de a Coreia do Sul ter desligado os seus altifalantes.
Na semana passada, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, afirmou que a Coreia do Sul “continua a ser o inimigo”, e o país rejeita propostas de desnuclearização.
Os dois países continuam tecnicamente em guerra, uma vez que os combates da Guerra da Coreia (1950–1953) cessaram com um armistício, mas não com um tratado de paz.
Os esforços do novo presidente sul-coreano surgem na sequência de um dos momentos mais tensos, em anos, nas relações com o Norte. Seul passou por um período de linha dura contra Pyongyang, que, por sua vez, se aproximou de Moscovo após a invasão russa do território ucraniano.
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