Os militares da GNR agora detidos poderão ter tido luz verde da sua hierarquia para poderem recuperar o material militar roubado sem que o principal suspeito fosse apanhado.
Os militares da GNR de Loulé implicados no encobrimento do autor do assalto em Tancos, ocorrido no ano passado, podem ter tido luz verde da sua hierarquia para recuperarem as armas sem deterem o suspeito, avança o Público.
Segundo o jornal, esta é a convicção dos investigadores que, esta terça-feira, detiveram três GNR de Loulé, bem como três membros da Polícia Judiciária Militar, entre os quais o seu diretor, o coronel Luís Augusto Vieira. No dia seguinte, foi detido o principal suspeito, um ex-militar de 36 anos (e não 45 como tinha sido noticiado inicialmente) e traficante de armas e de droga.
No caso do diretor da PJ Militar, parecem existir indícios suficientes de ter estado implicado na alegada operação de recuperação do material militar na Chamusca, em outubro de 2017, graças a documentos encontrados nas buscas efetuadas à sua casa.
No entanto, escreve o diário, o mesmo poderá não acontecer relativamente às chefias da GNR de Loulé, apesar de os investigadores estarem convictos de que “o sargento e os dois soldados não agiram por sua conta e risco“.
Na tese do Ministério Público, citada pelo Público, o suspeito ter-se-á assustado com as repercussões que o assalto teve nos media e recorreu a um ex-colega das Forças Armadas, um dos guardas de Loulé, para devolver o material sem arranjar problemas.
Um vez que o superior hierárquico desse guarda conhecia um inspetor da PJ do Porto, o plano terá andado para a frente, com o objetivo de tanto a GNR como a Judiciária Militar ficarem com os louros da recuperação das armas. O material militar foi encontrado, supostamente escondido num terreno que pertencia ao traficante.
A rivalidade entre a PJ, que ficou responsável por liderar a investigação, e a PJM, que teve um protagonismo reduzido neste inquérito, ajuda a explicar o sucedido, escreve o jornal.
Entretanto, o comando geral da GNR já desmentiu categoricamente ter estado envolvido neste incidente, dizendo que “nunca encobriria nenhum tipo de atividade criminosa nem determinaria aos seus militares que o fizessem”.
Os oito detidos deverão começar a ser ouvidos, esta quinta-feira, por um juiz de instrução criminal no Campus da Justiça, em Lisboa.
O exército e a Igreja continuam redutos quase inexpugnáveis ao poder civil democrático. Quase como no Antigo Regime. Ninguém quer problemas ou chatices com eles. Fala-se-lhes de mansinho ou em segredo, olha-se e não se vê, assobia-se para o lado…
Não há como uma justiça própria e uma investigaçãozinha interna. Quando há roubo na caserna, lá está a PJ militar. Encobre o gatuno, mas recupera o material. Há lá nada melhor!
Faz assim: põe a magistratura a ser comandada pelo governo. Vais ver que melhora tudo!!!