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Mais de 500 empresas já disseram adeus à Catalunha

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Quique Garcia / EPA

Pelo menos 540 empresas mudaram-se da Catalunha para outras regiões de Espanha desde o referendo de 1 de outubro, considerado ilegal, a esmagadora maioria, 533, entre segunda-feira e quarta-feira, segundo o registo comercial espanhol.

O número pode ser superior porque o número apurado até à passada quarta-feira, o último dia disponível, inclui dados de Barcelona, Girona e Tarragona, mas não de Lérida.

Em sentido contrário, desde dia 2 de outubro, 22 empresas transferiram a sua sede social para a Catalunha, o que resulta num saldo negativo de 518. O maior número de saídas – 212 empresas – ocorreu no dia 9 de outubro, na véspera da sessão do parlamento catalão em que se esperava a declaração de independência.

Na terça-feira, registaram-se 177 mudanças de sede, enquanto na quarta-feira foram contabilizadas 144, mas só há dados de Barcelona e Girona relativos a este dia.

Nos dias anteriores, as mudanças de sede foram muito reduzidas: uma a 3 de outubro, duas a 5 de outubro e quatro no dia 6. A grande maioria das companhias que abandonaram a Catalunha, 501, tinha a sua sede social em Barcelona, segundo dados oficiais espanhóis.

A Sociedade General de Águas de Barcelona (SGAB) e a Lleida.net, especializada na certificação e notificação eletrónica, são algumas das empresas que transferiram a sua sede para a capital espanhola, bem como o Grupo Planeta, o principal grupo editorial e audiovisual espanhol, o Gas Natural Fenosa ou os bancos Sabadell e CaixaBank.

No dia 2 de outubro, o governo regional da Catalunha (Generalitat) anunciou que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo, realizado na véspera, tendo exercido o direito de voto 42% dos 5,3 milhões de eleitores.

Esta terça-feira, o presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont, anunciou no parlamento regional assumir “o mandato do povo” para que a região seja “um Estado independente”, mas propôs a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, deu na quarta-feira cinco dias ao presidente regional catalão para clarificar se declarou ou não a independência na região, no âmbito da aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola, que prevê a suspensão da autonomia da região.

A Catalunha tem estado, nos últimos dois anos, a trabalhar em estreita colaboração com a Estónia para se “libertar” da administração a que está sujeita por parte do Governo espanhol, sabe-se agora.

Segundo o Público, o plano “Bases para a Transformação Digital das Administrações Públicas Catalãs” foi encontrado pela Guardia Civil durante as buscas ordenadas pelo juiz Juan Antonio Sunyer às instalações do Consórcio Administração da Catalunha, no Centro de Telecomunicações e Tecnologias e na Fundação PuntCat.

Os independentistas estarão a desenvolver um registo civil próprio para a região, integrado no que baptizaram de Administração Digital da Nação, e que inclui a “identificação e caracterização das pessoas da Catalunha, as organizações a que pertencem e as propriedades de ambas”, descreve o projecto elaborado no segundo semestre do ano passado.

Outros dois pilares principais deste projecto são uma espécie de “Simplex” que agrega todos os procedimentos burocráticos de relação entre os cidadãos e o Estado, assim como um portal próprio com o domínio gov.cat.

A intenção seria substituir todas as formas de identificação do Estado espanhol – números de cidadão, de beneficiário da segurança social ou de saúde, de contribuinte individual ou de empresa, e o cadastro dos imóveis e propriedades (automóvel, por exemplo), por um único sistema desenvolvido pelo registo central catalão.

A Generalitat (governo regional da Catalunha) está a ser apoiada pela Estónia, para onde tem enviado altos quadros administrativos para aprenderem como está desenhado o modelo de governança baseado na internet. O país, que passou metade do século XX sob ocupação soviética, teve de reconstruir do zero o seu modelo administrativo na década de 90.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Aqueles que hoje traem os catalães são os que mais têm necessitado deles e beneficiado da sua capacidade empreendedora, por aqui se vê a má fé de Madrid em lidar com aqueles que mantém sob o seu domínio, o Rajoy mais parece a encarnação do Hitler.

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