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Vereador de Lisboa vacinado com sobras dos lares demitiu-se

Jerome Dahdah / Flickr

Edifício da Câmara Municipal de Lisboa

O vereador da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que foi vacinado contra a covid-19 devido às sobras em lares de idosos, demitiu-se esta terça-feira.

“O vereador Carlos Manuel Castro apresentou hoje, 16 de fevereiro, o seu pedido de renúncia ao cargo, pedido que foi de imediato aceite pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa [Fernando Medina]”, lê-se no comunicado da Câmara Municipal de Lisboa, citado pelo jornal online ECO.

“Serão remetidos às autoridades competentes todos os elementos apurados relativos à participação da Proteção Civil no processo de vacinação dos lares para avaliação externa e independente dos mesmos”, acrescenta-se.

O até agora vereador da Proteção Civil da CML foi notícia, na semana passada, por ter sido vacinado devido às sobras das vacinas destinadas aos lares de idosos da capital. O pelouro passará a ser assumido pelo vereador Miguel Gaspar, detentor das pastas das Mobilidade, Segurança, Economia e Inovação.

No comunicado divulgado esta terça-feira, também citado pelo jornal Público, o presidente da Câmara “reitera a confiança no comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros, no comandante da Polícia Municipal e na diretora Municipal de Higiene Urbana, cuja vacinação decorreu por determinação de superior hierárquico e na convicção do cumprimento de todas as normas”.

Além de Carlos Manuel Castro, foram vacinados com as sobras a diretora do departamento de Higiene Urbana, Filipa Penedos, e elementos da Polícia Municipal e do Regimento de Sapadores Bombeiros, recorda o diário.

Em declarações ao jornal, a autarquia explicou que, na altura, as autoridades de saúde foram contactadas para saber que destino dar às doses que sobravam e as determinações foram no sentido de “garantir o aproveitamento total das doses“, vacinando primeiro “todos os profissionais da linha da frente envolvidos na operação de vacinação” e, depois, passar aos “grupos da primeira fase de prioridade, como os bombeiros e os polícias”.

Vereador justifica demissão com “mal-estar” provocado

Entretanto, o vereador demissionário divulgou a carta endereçada a Medina na sua página do Facebook, na qual se pode ler que a sua vacinação provocou “mal-estar em vários serviços do município”, considerando, assim, que não estavam reunidas as condições para continuar no cargo.

“Por não querer que os serviços municipais percam o seu foco, porque ainda estamos num árduo combate, e não quero contribuir para uma situação de instabilidade interna, verifico não estarem reunidas as condições para permanecer em funções e, por isso, apresento a minha renúncia ao cargo.”

O agora ex-vereador salientou que “nunca quis beneficiar de nada, nem prejudicar ninguém”, reforçando que a sobra que lhe foi administrada foi “validada por um delegado de saúde”.

“As vacinas que foram administradas, sobras dos lares vacinados, foram, de facto, aplicadas a pessoas que estavam, e estão, desde o primeiro momento, ou seja, desde março de 2020, na linha da frente de combate à pandemia”, defendeu.

“Estou inteiramente disponível para prestar todas as declarações às autoridades competentes de um trabalho que partilhei com dezenas de elementos da saúde da cidade, além de centenas de pessoas de outras instituições que diretamente contribuem para a resposta do dispositivo da cidade”, acrescentou.

Carlos Manuel Castro recordou que o plano de vacinação contra a covid-19 na cidade foi coordenado e implementado no terreno por si e que acompanhou “os primeiros dias de trabalho” na presença dos dirigentes da Higiene Urbana, Polícia Municipal e Bombeiros.

“Não houve nenhuma pessoa de um lar da cidade, utente ou profissional, a quem ficou por dar uma vacina”, destacou.

ZAP // Lusa

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