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“Um verão normal não teremos”. Portugal pode dar até 150 mil vacinas por dia (e prioritários não serão alterados)

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António Cotrim / Lusa

O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, novo coordenador da task force do processo de vacinação contra a covid-19, disse, em entrevista à TVI, que Portugal está a administrar 22 mil doses por dia, mas pode aumentar essa capacidade para entre 100 a 150 mil. 

Na entrevista à TVI24, o vice-almirante Gouveia e Melo explicou que o ritmo de vacinação contra a covid-19 é atualmente de 22 mil doses por dia, mas que há capacidade para muito mais. “Nós conseguimos, usando a capacidade máxima, ir das 100 às 150 mil vacinas por dia nos períodos normais – e nos fim-de-semana duplicar isso“, disse o coordenador da task force.

“Estamos numa região confortável”, em que a capacidade “tem treino, tem cultura, tem instalações e está espalhada pelo país inteiro”, disse Gouveia e Melo, acrescentando que “na vacinação da gripe, por exemplo, [os centros de saúde] chegaram a ter dias em que fizeram mais de 60 mil vacinas por dia”.

Para já, está previsto que o ritmo de vacinação no segundo trimestre aumente “para 81 mil vacinas por dia”, obrigando Portugal a “ter de encontrar outras soluções”, que “podem passar por novos métodos de administrar a vacina”: “postos de vacinação rápidas ou postos de vacinação massiva, alargar o período – ao fins-de-semana – ou usar outros agentes, como as farmácias”.

Todas estas opções estão em aberto e podemos usá-las em simultâneo”, exemplificou Gouveia e Melo.

Questionado sobre se o país já está a preparar esse cenário, Gouveia e Melo disse que a DGS e o Hospital Militar “estão a fazer um ensaio para definir as metodologias”, que servirá para “replicar” esse modelo.

O coordenador garantiu ainda que a vacinação é uma “prioridade máxima” do Governo e que “não há falta de recursos”.

Henrique Gouveia e Melo afirmou também que os grupos prioritários previstos no plano de vacinação não serão alterados apesar dos atrasos no fornecimento de vacinas. “Não faria sentido mudar as prioridades porque não há vacinas”, disse, lembrando que a forma como as pessoas foram priorizadas “tem muito a ver com os riscos e patologias”.

“Julgo que um verão normal não teremos”

O coordenador admitiu que o verão de 2021 ainda não será “normal”. “Julgo que um verão normal não teremos, porque o processo de vacinação antes de começar o verão ainda não estará na fase em que há imunidade de grupo, de acordo com os especialistas”, disse, acrescentando que essa imunidade deverá ser alcançada no final do verão.

Gouveia e Melo reiterou ainda que, se não houver atrasos das farmacêuticas, “há expectativa de ter toda a população vacinada” no Natal.

O vice-almirante avançou também que vai ser criado um portal em que os utentes se podem inscrever se não forem contactados, caso as bases de dados não estejam atualizadas.

Gouveia e Melo admitiu alargar o prazo para a segunda dose. Apesar de ser recomendado aquele intervalo, o coordenador notou que, de acordo com os estudos, “não há nenhum problema em termos dos efeitos gerados nos anticorpos” se a segunda dose for administrada após esse período.

Questionado sobre se a vacina da AstraZeneca pode vir a ser administrada a pessoas acima de 65 anos, Gouveia e Melo disse que “esse cenário existe sempre”.

“Essa dúvida está a ser tirada na realidade, porque ela está a ser aplicada no Reino Unido e nos Estados Unidos sem restrições”, recordou. “Portanto, essa dúvida, como está a ser aplicada a centenas de milhares de pessoas, perto de milhões de pessoas, muito rapidamente há-de ser retirada”.

Casos de vacinações indevidas

Questionado sobre os casos de vacinação indevida no país, embora reconheça que “mina a confiança”, Gouveia e Melo entendeu que “não tem significado estatístico”.

“Qualquer caso é mau, quem abuse de uma situação de privilégio e se queira meter à frente na fila – de um bem que é escasso e que pode salvar outra pessoa – é criticável, condenável e não deve fazer isso”, disse. Vamos fazer tudo, dentro das normas existentes, para garantir que isso não aconteça”.

“Já fechámos a norma para que não haja desculpas de interpretação da norma, mas também é preciso perceber que na situação atual, em mil casos houve um“.

Gouveia e Melo garantiu que o Governo está a levar a sério o caso das vacinações indevidas: “Vamos atrás das pessoas – se for necessário – que são precursoras dessas quebras para, de alguma forma, as penalizar por uma atitude que não devem ter”.

“Julgo que não teremos muitos mais casos, o que teremos é uma investigação dos casos que existem, em profundidade”, rematou.

Portugal já recebeu 503 mil vacinas, 43 mil das quais foram para a Madeira e para os Açores e 460 mil ficaram no continente. Destas 460 mil que estão no continente, já foram administradas 400 mil vacinas, estando em reserva 60 mil.

Maria Campos, ZAP //

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4 Comments

  1. Natal de que ano? Já se fala que a protecção é de apenas um ano…. Quando acabarem os prioritários que a maioria não é a fonte dos problemas, vamos ter que voltar a vacinar os prioritários e o resto da população fica a espalhar a doença e ajudar a formar novas variantes para que as vacinas se tornem obsoletas mais rapidamente. Parem de vacinar os velhotes que passam a vida sossegados em casa e comecem a vacinar os grupos que andam espalhar a doença, metam os trabalhadores que são obrigados a trabalhar no atendimento ao publico, bombeiros, professores e staff escolar como prioritários…. Quando não o fazerem nunca mais voltamos ao normal.

  2. Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Então ele diz que podemos atingir um ritmo de 150 mil vacinas / dia. Diz que aos fds até podem dobrar esse número. Vamos apenas admitir um ritmo diário de 100 mil vacinas (mesmo sabendo que poder ser muito superior).
    100 mil vacinas / dia dá 3 milhões de vacinas / mês
    Janeiro já lá vai e vamos admitir o mesmo com fevereiro.
    Considerando Março, Abril e Maio, vacinaríamos 4,5 milhões de pessoas (admitindo duas vacinas/doses por pessoa)!!! Mais um mês e chegaríamos a 6 milhões de pessoas.
    Isto é, pelas minhas contas, mesmo dormindo durante fevereiro e estimando um número diário substancialmente inferior ao possível, em final de junho teríamos praticamente imunidade de grupo. Não seria necessário esperar pelo final do verão. Estará já o Almirante a meter água?!

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