Van Dunem revela que pediu a demissão a Costa (mas, em 2022, vai mesmo “mudar de vida”)

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Mário Cruz / Lusa

Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem

A ministra da Justiça colocou o seu lugar à disposição do primeiro-ministro António Costa aquando da polémica com o procurador europeu José Guerra, mas ele não aceitou. Foi a própria Francisca Van Dunem quem o revelou, repetindo que depois das legislativas antecipadas, vai mesmo “mudar de vida”.

Na “Grande Entrevista” da RTP1, Van Dunem apontou que só aceitou acumular a pasta da Justiça com a da Administração Interna, após a demissão de Cabrita, por uma questão de “dever”. Mas assegurou que daqui a dois meses, após as legislativas antecipadas, deixa mesmo a política.

Mantenho a intenção de mudar de vida. Tenho muita coisa para fazer, preciso de escrever”, referiu a ministra que já tinha garantido que depois das eleições de 30 de Janeiro, não faria parte de um eventual Governo socialista.

Van Dunem também revelou que, aquando da polémica com o procurador europeu José Guerra, chegou a colocar o seu lugar à disposição de Costa. “Entendi que aquela circunstância podia afectar negativamente a imagem do Governo e coloquei a questão ao senhor primeiro-ministro”, frisou. Mas Costa não aceitou a sua saída.

É preciso combater “a cultura da cunha”

Na mesma entrevista à RTP1, a ministra falou também da necessidade de combater a corrupção em Portugal, no âmbito do Dia Internacional contra a Corrupção que se assinala nesta quinta-feira, 9 de Dezembro.

A ministra da Justiça considerou que, acima de tudo, é necessário acabar com “a cultura da cunha, a cultura do telefone e a cultura dos mais espertos que passam à frente dos outros”.

“Nós precisamos de ensinar as crianças de que não é assim. O paizinho não é mais esperto porque passa à frente da fila ou porque paga para ser servido antes”, apontou a jurista de 66 anos.

Sobre o pacote de medidas anti-corrupção que foi aprovado no Parlamento no mês passado, Van Dunem lamentou que não tenha incluído os acordos sobre a pena a aplicar a quem admite os crimes.

“Comparamo-nos com outros países que têm sistemas de Justiça diferentes do nosso, mas depois recusamo-nos a adoptar medidas que cabem perfeitamente no nosso quadro constitucional e que facilitariam e promoveriam, de facto, maior celeridade ao nível dos julgamentos e da resposta penal no seu conjunto”, frisou Van Dunem.

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5 Comments

  1. A CULTURA DA CUNHA deixaria de existir se um funcionário publico não tivesse 60 dias, só porque está regulamentado, para analisar um processo quando o poderia fazer em 5 dias, como acontece em muitos organismos públicos.

  2. Foi extremamente importante que Portugal tivesse finalmente no seu governo um ministro de origem africana. Pense-se o que se pensar da chamada “colonização” o facto é que durante séculos – pelo menos desde 1820 – os habitantes do nosso Ultramar eram cidadãos portugueses, pelo que temos o dever de considerar os que escolheram viver em Portugal como portugueses a 100%. Logo é perfeitamente lógico que haja membros do governo e da AR que tenham as suas raízes em África. Espero que depois de Francisca van Dunem outros africanos venham a desempenhar funções governativas, com toda a naturalidade que esse facto terá.

    • Completamente de acordo. Só tenho pena que seja do PS. Mas é uma mulher com muito valor e disso ninguém duvida, acho eu. Sou de Angola e tenho família africana, pelo que, o respeito por qualquer raça, para mim, é natural.

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