A Itália vai processar a Pfizer Inc e a AstraZeneca devido aos atrasos na entrega das vacinas contra a covid-19 e para garantir os fornecimentos – não para obter compensações, disse neste domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, pediu às empresas farmacêuticas, este domingo, “transparência” sobre as razões para os atrasos
No sábado, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse que os atrasos no fornecimento das vacinas são “inaceitáveis” e representam uma séria violação das obrigações contratuais, acrescentando que a Itália recorreria a todas as ferramentas legais disponíveis, avança o Público.
A Itália terá que refazer todo o seu programa de vacinação se os problemas de abastecimento persistirem, disse um alto funcionário da Saúde do país.
Questionado sobre as razões para as empresas farmacêuticas terem anunciado a redução dos lotes disponíveis, Di Maio disse acreditar que tiveram mais olhos do que barriga. “Estamos a ativar todos os canais para que a Comissão Europeia faça todos os possíveis para que esses senhores respeitem os contratos”, disse.
A Pfizer disse na semana passada que ia reduzir os fornecimentos para a Europa para fazer mudanças na fabricação de forma a aumentar a produção. Na sexta-feira, um alto funcionário disse à Reuters que a AstraZeneca também informou a União Europeia que reduziria em 60% as entregas de sua vacina devido a problemas de produção.
O corte de fornecimento anunciado pelas duas empresas vai atrasar a vacinação dos maiores de 80 anos em Itália em cerca de quatro semanas e a do resto da população em cerca de 6-8 semanas, disse o vice-ministro da Saúde, Pierpaolo Sileri, neste domingo.
União Europeia também já se pronunciou
“O que pedimos a essas empresas é um diálogo transparente”, declarou Charles Michel a vários jornais franceses, sobre os atrasos na distribuição das vacinas.
“É óbvio que pensamos em fazer respeitar os contratos que foram assinados pelas empresas farmacêuticas”, afirmou o presidente do Conselho, que representa os 27 Estados-membros da União Europeia (UE).
Contudo, lembra que “quando a Pfizer anunciou atrasos de várias semanas, viu-se que reagimos com firmeza e, finalmente, os atrasos anunciados de várias semanas foram reduzidos”.
Charles Michel mostrou-se compreensivo, porém, com as dificuldades industriais e com os “obstáculos” que os laboratórios podem enfrentar, como os problemas “de fornecimento das matérias-primas necessárias”.
Após os atrasos anunciados pela Pfizer nas entregas da vacina contra a covid-19, um anúncio similar da AstraZeneca na sexta-feira gerou preocupação e revolta na Europa.
O continente corre contra o relógio, face ao surgimento de novas e mais perigosas variantes do coronavírus.
A União Europeia assinou um total de seis contratos com empresas farmacêuticas e está em negociações com outras duas, para um total de 2,5 bilhões de doses potenciais.
Com estes atrasos, Portugal só vai receber em fevereiro e março 700 mil vacinas das 1,4 milhões previstas.
Francisco Ramos tem dito que a aprovação da Agência Europeia do Medicamento (EMA) e chegada desta vacina da AstraZeneca será decisiva para acelerar o processo, algo que mantém, mas estes percalços obrigarão a rever o calendário, o que acaba por ser uma má notícia, referiu à TSF.
Ainda assim, o coordenador da taskforce do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, garantiu hoje que o atraso da vacina AstraZeneca/Oxford não comprometerá a primeira fase do plano português, mas não permitirá antecipá-lo, admitindo uma quebra de 50% do esperado.