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Erdogan ameaça reconhecer assassinatos de nativos norte-americanos como genocídio

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Tolga Bozoglu / EPA

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou reconhecer o assassinato de nativos americanos pelas mãos de colonos europeus em resposta à decisão de Washington de repreender Ancara pelo genocídio arménio.

Na semana passada, o Senado dos Estados Unidos (EUA) votou a favor do reconhecimento do genocídio na Arménia, uma ação inicialmente paralisada pelos republicanos por insistência do Presidente norte-americano Donald Trump, noticiou o Independent.

No seguimento, Erdogan ameaçou reconhecer os assassinatos de nativos norte-americanos, afirmando que a morte de milhões de indígenas nas mãos de colonos europeus também deve ser vista como um genocídio.

“Deveríamos nos opor [aos EUA], votando essas decisões no parlamento. E é isso que faremos”, disse o Presidente turco ao canal de notícias A Habe. “Podemos falar sobre a América sem mencionar os [nativos americanos]? É um momento vergonhoso na história dos EUA”, acrescentou.

Cerca de 1,5 milhão de arménios foram mortos durante o Império Otomano, antecessor da Turquia moderna, no início do século XX. A Turquia, contudo, nega que os assassinatos sejam genocídio, defendendo a morte de arménios e turcos como consequências da guerra. Alega ainda um número mais baixo de mortes do que as centenas de milhares registadas.

Embora as implicações da legislação dos EUA sejam em grande parte simbólicas, foram vistas pela Turquia como um desafio direto à política externa do país.

O projeto para reconhecer os assassinatos na Arménia como genocídio iniciou após a decisão de Ancara em enviar tropas para o norte da Síria, explorando o vácuo de poder deixado pela retirada das forças norte-americanas para atacar as milícias curdas que serviram como aliadas dos EUA.

Mas o líder da Turquia não está sozinho na intenção de abordar a questão dos indígenas norte-americanos indígenas. O congressista democrata do estado de Minnesota, Ilhan Omar, recusou-se a apoiar a lei votada nos EUA até que as mortes de nativos norte-americanos e o comércio de escravos fossem avaliados à mesma luz pelo Congresso.

Uma equipa do University College London estima que 55 milhões de indígenas morreram após a conquista das Américas, iniciada no final do século XV. Acredita-se que a maioria dessas mortes tenha sido causada por doenças – com os povos indígenas incapazes de criar imunidade a doenças que nunca haviam cruzado o Atlântico. A guerra, a escravatura e o deslocamento também contribuíram para o declínio dessas populações.

ZAP //

5 Comments

    • Quem é que se cala? Os Americanos são os primeiros a reconhecê-lo e admiti-lo publicamente. Ainda este ano o Governador da Califórnia pediu desculpa publicamente pelo genocídio dos povos nativos da Califórnia, e usou a palavra genocídio. E há 10 anos o Congresso Americano fez um pedido formal de desculpas pelo forma como foram tratados os nativos Americanos. Já agora, até 1776 não eram Americanos, eram Ingleses…

      Portugal já pediu desculpa pelo genocídio de que foi parcialmente responsável no Brasil,e pelo tráfico transatlântico de escravos de África para o Brasil? Se calhar é melhor não atirar pedras ao ar quando se tem telhados de vidro…

    • Este infeliz comentário denegride a moral e a insensatez humana. Manda ele seguir um parvo no uso da sua estupidez. Quer o cavalheiro dizer que: Se me culpas de assassino também te culpo a ti. Se ignorares a minha chacina, também vou ignorar a tua. E as vitimas que se “fogam”, não é? Grande postura intelectual!

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