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TikTok inspira jovens russos a protestar contra Putin (e a proteger Navalny)

O TikTok está a ser usado como uma ferramenta crucial num apelo à ação contra o Governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, após a prisão do crítico Alexei Navalny.

De acordo com a Newsweek, as autoridades russas estão tão preocupadas com os milhões de visualizações que os vídeos em apoio ao crítico do Kremlin Alexei Navalny estão a ter que apelaram à aplicação que reprima as publicações que incentivam os jovens a comparecer aos protestos este sábado.

Navalny foi preso em Moscovo no domingo passado depois de voltar de Berlim, onde recuperava de um ataque de agente nervoso Novichok, que diz ter sido ordenado por Putin, embora o Kremlin negue qualquer envolvimento.

Preso durante 30 dias sob a acusação de violar uma sentença de prisão suspensa por fraude num caso de 2014 que diz ter motivação política, o seu caso capturou a atenção de muitos russos que usam a popular aplicação e estão clamam por mudanças.

Os vídeos da aplicação TikTok, com as hashtags “Free Navalny” e “23 Jan”, mostram alunos a trocar retratos de Putin com os de Navalny nas salas de aula e a convocar as pessoas para as ruas de todo o país.

Num dos vídeos mais populares, a utilizadora Neurolera sugere que qualquer pessoa que for presa deve fingir que é norte-americana para evitar novas detenções. A russa oferece dicas das pronúncia norte-americana para frases que “podem salvar sua vida”, como “deixei o meu passaporte no hotel”.

Noutro vídeo, a utilizadora annyskaa diz: “Vamos dar uma caminhada no centro em 23 de janeiro”. O vídeo mostra uma jovem a segurar num livro com uma série de legendas que explicam como está a ler que os direitos dos cidadãos são garantidos. Depois, surge a legenda: “Mas espere! Na Rússia, as coisas acontecem de forma diferente”.

O vigilante das comunicações do país, Roskkomnadzor, ordenou que o TikTok remova vídeos que convidam crianças e estudantes a comparecer a protestos de sábado, que devem ser os maiores do país desde 2018.

O ímpeto contra Putin está a crescer e os protestos contra o Governo que acontecerão em dezenas de cidades representam um problema real para o Kremlin. As eleições parlamentares devem ocorrer em setembro, nas quais Navalny quer ter como alvo o partido no poder, Rússia Unida.

Na sexta-feira, a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, escreveu no Twitter que tinha sido presa e detida durante nove dias, mas reiterou o apelo aos russos para que vão para as ruas. As autoridades também detiveram outros assessores de Navalny, incluindo o seu assessor de campanha, Anastasia Panchenko, e o ativista Lyubov Sobol.

O Ministério Público russo alertou sobre uma operação de Internet para “restringir o acesso a informações ilegais” e disse os polícias “estão focados em tomar medidas preventivas e, se houver justificação, levar os perpetradores à responsabilidade administrativa”.

 

Maria Campos, ZAP //

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