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Televisão estatal chinesa não difunde início da temporada da NBA

A televisão estatal chinesa CCTV não difundiu os jogos inaugurais da 74ª temporada da NBA, após o atrito entre o Governo chinês e a liga norte-americana de basquetebol, suscitado por um comentário de apoio aos protestos em Hong Kong.

O grupo de tecnologia chinês Tencent, que faz transmissão online, reduziu a programação prevista e difundiu apenas a partida entre os Staples Center Los Angeles Lakers e os Clippers. A decisão surge após a polémica iniciada por uma mensagem difundida na rede social Twitter, que está bloqueada na China, pelo diretor-geral dos Houston Rockets, Daryl Morey.

No início do mês, Morey escreveu “Luta pela liberdade. Força Hong Kong”, ecoando uma máxima das manifestações antigovernamentais que se prolongam há cinco meses na região semiautónoma chinesa.

Inicialmente as medidas de retaliação atingiram apenas os Houston Rockets, com vários parceiros comerciais chineses a suspenderam os seus negócios com o clube e a venda de equipamento dos Rockets a ser retirada das lojas.

Mas o Governo chinês voltou-se para toda a liga após o comissário da NBA Adam Silver ter defendido a “liberdade de expressão política” de Daryl Morey. Silver apoiou também o direito à liberdade de expressão de Joe Tsai, proprietário do clube Nets e cofundador do grupo de tecnologia chinês Alibaba, que afirmou que Morey apoiou um “movimento separatista”.

O comissário da NBA disse ainda que a decisão da liga de pedir desculpas aos adeptos na China “não é inconsistente em apoiar o direito de alguém a ter o seu ponto de vista”.

A NBA tentou inicialmente distanciar-se do incidente através de uma declaração em inglês em que classificou como “lamentável” a mensagem difundida por Morey.

Num comentário difundido este fim de semana, a CCTV disse que Adam Silver “pagará mais cedo ou mais tarde”, após este ter revelado, na semana passada, que as autoridades chinesas deixaram claro que queriam que Morey fosse afastado do seu cargo. O Governo chinês negou a alegação de Silver.

Este mês, também a super estrela do basquetebol LeBron James juntou-se à polémica entre a NBA e a China, após apelidar de “mal-informado” o treinador dos Houston Rockets, Daryl Morey. LeBron foi acusado de apoiar o regime chinês. As palavras de LeBron James foram mal recebidas pelos manifestantes em Hong Kong e, até para alguns dos fãs, LeBron passou de herói a vilão.

Os protestos em Hong Kong, região administrativa especial chinesa, começaram em junho por causa da polémica lei da extradição, que permitiria extraditar suspeitos de crimes para território e países sem acordos prévios, como a China.

Entretanto, as emendas à legislação foram retiradas formalmente pelo Governo, mas os protestantes têm ainda outras quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos; que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins; um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe de Governo, Carrie Lam, e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

Num endurecimento da posição do Governo, Lam invocou uma lei de emergência da era colonial para criminalizar o uso de máscaras em manifestações, mas a decisão parece só ter aumentado ainda mais a violência dos protestos. Na semana passada, polícias dispararam pela primeira vez balas reais sobre manifestantes, ferindo dois adolescentes.

A transferência da soberania de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

ZAP // Lusa

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