“Tenham vergonha”. Mais de 400 detidos por terrorismo em protesto de apoio à Ação Palestina em Londres

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Tayfun Salci / EPA

Manifestante com cartaz com a mensagem “eu oponho-me ao genocídio, eu apoio a Ação Palestina” em Londres

A Polícia Metropolitana de Londres anunciou a detenção, no sábado, de mais de 400 pessoas na capital do Reino Unido, durante uma ação de apoio ao grupo Ação Palestina, considerado ilegal pelas autoridades britânicas.

As autoridades policiais tinham prometido deter qualquer pessoa que apoiasse explicitamente o movimento, que o parlamento classificou como uma organização terrorista no início de julho, após atos de vandalismo, incluindo numa base aérea.

Ainda assim, a manifestação de sábado juntou centenas de pessoas em frente à praça do parlamento britânico, em Westminster, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

A polícia disse que a maioria dos detidos são suspeitos de apoiar uma organização proibida, enquanto mais de 25 terão tentado agredir agentes policiais.

“Os nossos agentes foram espancados, cuspidos e alvo de objetos atirados pelos manifestantes”, disse, em comunicado, a coordenadora da operação policial, Claire Smart, que condenou o nível de violência, que descreveu como intolerável.

A polícia informou ter destacado mais de 2500 polícias para acompanhar uma série de manifestações pró-palestinianas ao longo do dia, incluindo uma marcha de apoio que, segundo estimativas policiais, atraiu mais de 20 mil pessoas.

O protesto decorreu em simultâneo nas cidades de Belfast (capital da Irlanda do Norte) e Edimburgo (capital da Escócia), segundo a televisão britânica Sky News.

Mais de 800 pessoas foram presas em protestos semelhantes anteriores, 138 das quais foram indiciadas sob a Lei do Terrorismo.

Em julho, membros da Ação Palestina invadiram uma base da Força Aérea Real e vandalizaram dois aviões militares com tinta vermelha, em protesto contra o apoio de Londres à ofensiva de Israel na Faixa de Gaza. O Governo britânico decidiu então declarar

Quatro pessoas foram acusadas e colocadas em prisão preventiva no âmbito do incidente, sobre o qual foi apresentado um recurso de urgência ao Tribunal Superior de Londres, que recusou suspender a proibição do grupo.

A Ação Palestina contesta a ilegalização, alegando ser uma organização pacífica de protesto.

Um porta-voz do grupo de direitos civis Defend Our Juries afirma ao The Guardian que o crescimento dos protestos mostra que a prescrição do grupo como terrorista é “impossível de aplicar e um desperdício escandaloso dos nossos recursos”. “Yvette Cooper lançou o maior ataque às liberdades civis de que há memória e o tiro saiu pela culatra de forma espetacular Agora, Yvette Cooper já não é ministra do Interior, a proibição deve ir com ela”, afirmou, referindo-se à recente remodelação no Governo de Keir Starmer na sequência da demissão da vice primeira-ministra.

“As leis antiterrorismo não foram elaboradas para serem usadas contra um grupo de protesto nacional, ou para prender milhares de pessoas na sociedade civil por terem cartazes de papelão“, defende, referindo-se às detenções de manifestantes que simplesmente têm cartazes onde dizem apoiar a Ação Palestina.

Os manifestantes gritaram ainda “tenham vergonha” contra os polícias quando os agentes levaram dois idosos em scooters de mobilidade.

“Estou aqui porque me oponho ao genocídio e também me oponho aos excessos do governo ao proibir a Ação Palestina. Eles rebaixaram o nível do que é considerado terrorismo e quase o tornaram sem sentido“, declarou Steve Masters, um protestante de 55 anos.

A cofundadora do movimento Ação Palestina, Huda Ammori, obteve uma permissão para contestar a proibição do movimento em tribunal. Uma audiência está marcada para novembro.

Peritos das Nações Unidas e organizações de defesa dos direitos humanos criticaram a decisão de Londres, argumentando que “os simples danos materiais, sem pôr em perigo a vida de outras pessoas, não são suficientemente graves para serem considerados terrorismo“.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Estes tipos são cada vez mais completamente insuportáveis! Uns idiotas úteis que servem o terrorismo do hamas! Têm receio qye Usrael os derrote de vez.

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