O ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM), Luís Vieira, vai ser julgado por violação do segredo de justiça por alegadamente ter falado com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o então ministro da Defesa, Azeredo Lopes, sobre a investigação ao assalto aos paióis de Tancos.
Segundo noticiou na quinta-feira o Observador, este novo julgamento de Luís Vieira – que enfrenta a Justiça em Santarém por ter conduzido uma investigação ilegal ao assalto, num processo que envolve 22 arguidos, entre eles Azeredo Lopes – decorrerá ainda em março.
No processo de Santarém, o coronel responde pelos crimes de associação criminosa, tráfico e mediação de armas, falsificação e ou contrafação de documento, denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal por funcionário.
Em Lisboa, responde por violação do segredo de justiça, por ter supostamente revelado a Azeredo Lopes e a Marcelo pormenores do processo, o seu desagrado pela decisão da então Procuradora-Geral da Republica, Joana Marques Vidal, em atribuir a investigação ao furto à judiciária civil, bem como o facto de a Polícia Judiciária ter um informador sobre a identidade dos autores do furto – Paulo Lemos, conhecido por Fechaduras.
Para a procuradora Cláudia Fernandes, Luís Vieira não podia dar informações de um processo que estava em segredo de justiça, considerando que este quis influenciar Azeredo Lopes e Marcelo por não se conformar com a decisão de Joana Marques Vidal.
A defesa de Luís Vieira contestou, sublinhando que Luís Vieira apenas falou na delegação de competências e que nunca deu qualquer elemento sobre a investigação.