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Tancos. Arguido admite que mentiu sobre a chamada anónima que levou às armas roubadas

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Paulo Novais / Lusa

Militares à entrada dos Paióis Nacionais do Polígono Militar de Tancos

O major Pinto da Costa admitiu ter mentido ao Ministério Público ao dizer que as armas tinham sido descobertas graças a uma chamada anónima.

O julgamento do caso do assalto a Tancos retomou nesta segunda-feira com a audição do major Pinto da Costa e do seu adjunto na PJ Militar do Porto, sargento Lage de Carvalho. Foi este segundo que, em resposta ao coletivo de juízes do Tribunal Judicial de Santarém, disse que “isto é tudo muito virtual”, referindo-se à acusação de que é alvo.

O major Pinto da Costa, por sua vez, reiterou que os resultados da investigação colhidos no terreno pelos inspetores da Polícia Judiciária Militar (PJM) eram transmitidos não só ao então diretor-geral da PJM, o coronel Luís Vieira, como também ao diretor da investigação criminal, o coronel Manuel Estalagem.

De acordo com o jornal Público, o major disse ainda que outras pessoas sabiam que decorriam diligências junto de um informador, nomeadamente o tenente-coronel Donato Tenente e o capitão João Bengalinha.

Pinto da Costa assume que mentiu ao Ministério Público ao dizer que as armas tinham sido descobertas graças a uma chamada anónima, mas garante que o fez para não desautorizar as chefias.

“Quando um Diretor-Geral dá a ordem, eu não digo ‘não’. Andei, por determinações superiores, a fazer diligências para apurar o máximo de informações sobre Tancos”, disse o arguido.

O Ministério Público entende que esse esquema permitiria recuperar o armamento furtado através do informador e suspeito do assalto João Paulino em troca da promessa de que ele e os seus cúmplices não seriam perseguidos judicialmente.

Ambos os arguidos falaram ainda do impacto do processo nas suas vidas. Lage de Carvalho disse que falar do assunto implicava sempre deixar escapar alguma “emotividade” e Pinto da Costa disse que o processo o afeta pessoalmente “e é de uma injustiça tão grande”.

“Nós, inspetores, atuamos com autonomia ao nível tático, ou seja, vamos fazer isto ou aquilo [no terreno]. Para serem feitas, vigilâncias ou interceções teriam que ser pedidas superiormente”, afirmou ainda Pinto da Costa.

Carlos Melo Alves, defensor do arguido João Paulino, questionou o porquê de não ter havido vigilâncias, mantendo-se da opinião de que os inspetores que usaram o autor confesso do furto como informador sabiam quem ele era ou, pelo menos, deveriam ter procurado saber.

ZAP //

3 Comments

  1. um militar cumpre sempre ordens superiores, é isso que lhe ensinam.
    mas ainda não percebi, entre outra coisas, qual o objectivo do roubo: era p/vender? a quem? ou queriam fazer um golpe de Estado?

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