O realizador do filme “Titanic”, James Cameron, que visitou, várias vezes, os destroços do Titanic no fundo do mar, aponta as “três falhas potenciais” que levaram à tragédia do Titan.
Depois da morte dos cinco passageiros a bordo do submersível Titan, durante uma expedição turística aos destroços do Titanic, no fundo do mar, foi aberta uma investigação para tentar apurar o que aconteceu.
O Escritório de Segurança do Transporte do Canadá (TSB na sigla em inglês), agência independente que investiga acidentes aéreos, ferroviários e marítimos, está já a analisar o acidente.
O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA também vai investigar o caso, juntamente com a Guarda Costeira norte-americana.
Já se sabe que foi “uma implosão catastrófica” que ditou a destruição total do Titan e a morte instantânea dos seus cinco passageiros. Mas falta saber porque é que a implosão aconteceu.
O realizador James Cameron, uma das pessoas que terá visitado mais vezes os destroços do Titanic no fundo do mar, antes e depois de ter feito o filme sobre o naufrágio, aponta três possívels falhas no submersível, conforme declarações à ABC News.
James Cameron que também tem projectado vários submersíveis, começa por notar que o “visor na frente” do submarino era de “acrílico”. “Disseram-me que foi classificado para menos profundidade do que a que estavam a mergulhar”, salienta à ABC News.
Além disso, tinha “duas pequenas esferas de vidro para flutuação, o que é uma má ideia”, acrescenta, frisando que esta e o “vidro de acrílico” se “propensos a falhas ao longo do tempo“.
Mas “o calcanhar de Aquiles” do submarino era “o cilindro composto” onde os passageiros estavam, segundo Cameron.
“Havia duas tampas de titânio em cada extremidade”, diz o realizador, notando que ficam “relativamente intactas no fundo do mar”. “Mas esse cilindro de compósito de fibra de carbono está agora em peças muito pequenas”, o que torna “bastante claro que foi isso que falhou”, diz.
Para Cameron esse é “o elo mais fraco se tivesse que apostar dinheiro”. Mas “a questão é se foi a primeira falha, ou a segunda falha“, realça.
O realizador sublinha ainda que “não se usam compósitos para embarcações” que sofrem “pressão externa”. “São óptimos para pressão interna”, nomeadamente para tanques de mergulho, mas “são terríveis para a pressão externa”, diz.
“Isto foi tentar aplicar um pensamento de aviação a um problema de engenharia de submersão profunda“, nota também, realçando que sempre se alertou que “era uma ideia falhada” e criticando o facto de os responsáveis pelo submersível não terem passado pela certificação.
Morte imediata e sem dor
A morte dos cinco passageiros terá sido imediata e sem dor, segundo o antigo médico da Marinha britânica, Dale Molé. “Terá sido tão repentina que nem terão sabido que havia um problema ou o que aconteceu”, salienta em declarações ao Daily Mirror.
“É como estar aqui por um minuto e, em seguida, desligar o interruptor. Está-se vivo num milissegundo e no próximo milissegundo está-se morto”, acrescenta.
Nas redes sociais, há vídeos que partilham simulações sobre como pode ter ocorrido a implosão do Titan e que ilustram que, com a gigantesca pressão do fundo do mar, é um fenómeno quase instantâneo.
Cette vidéo reconstitue de manière plausible l’implosion d’un submersible comme le Titan : sous la pression gigantesque des grands fonds, le phénomène est quasi-instantané.#Titanic #Titan #OceanGate pic.twitter.com/G4hAk0t8EI
— L’aurore Matin (@laurorematin) June 24, 2023
Também há pessoas que estão a partilhar experiências que mostram como ocorre uma implosão.
Great visual for what happened to the #Titan. #oceangate pic.twitter.com/JyUeNGoDep
— Elizabeth Serletic (@EMSerletic86) June 24, 2023
Como ocorre uma IMPLOSÃO#Titan #Titanic #submarinemissing #OceanGate pic.twitter.com/CgX1UNgyYz
— Gabriel (@ByelCosta007) June 24, 2023