Os cinco passageiros a bordo do submarino Titan morreram durante a viagem turística aos destroços do Titanic, após uma “implosão catastrófica” que foi detectada logo no domingo pelos EUA.
Foi o pior desfecho para o caso que deixou o mundo em suspenso nos últimos dias, durante as buscas pelo submarino Titan que desapareceu durante uma expedição turística aos vestígios do naufrágio do Titanic.
Os cinco passageiros morreram devido a uma “implosão catastrófica” depois de uma perda de pressão, segundo a Guarda Costeira norte-americana.
A Marinha dos EUA detectou logo no domingo passado, o som dessa implosão submarina, de acordo com os media deste país. Esses sons terão sido detectados logo depois de se ter perdido o contacto com o submersível da empresa OceanGate.
Apesar disso, as buscas continuaram na tentativa de salvar as vidas dos cinco tripulantes, o que já seria improvável.
Nessas buscas, foram encontrados destroços do submersível, o que deitou por terra quaisquer esperanças de que houvesse sobreviventes. Um drone encontrou o cone da cauda do Titan a cerca de 1.500 pés da proa do Titanic, revelou em conferência de imprensa o porta-voz da Guarda Costeira dos EUA, John Mauger.
“Os destroços são consistentes com uma perda catastrófica da câmara de pressão“, explicou ainda Mauger, salientando que “o submersível provavelmente implodiu e não houve sobreviventes”.
Mulher de um dos mortos é familiar de vítima do Titanic
Muito se fala, nos últimos anos, da maldição do Titanic e há um novo dado que faz adensar essa teoria. É que a mulher de um dos tripulantes do Titan que morreu é familiar de uma das vítimas da tragédia de 1912.
Estamos a falar de Wendy Rush, a esposa de Stockton Rush, o director-executivo da OceanGate que seguia no submersível. O The New York Times adianta que Wendy é tataraneta do magnata Isidor Straus e da sua esposa, Ida, dois dos passageiros de primeira classe do Titanic que morreram aquando do naufrágio, depois do choque com um icebergue.
Wendy Rush também trabalha na Oceangate e fez várias expedições aos destroços do Titanic em 2021, 2022 e 2023.
Vítima de 19 anos só embarcou como prenda ao pai
Suleman, de 19 anos, filho do empresário paquistanês Shahzada Dawood, é a vítima mais nova do desastre do Titan. O jovem estava “apavorado” e só viajou como uma prenda do Dia do Pai, revela uma tia à NBC News.
Azmeh Dawood, a irmã mais velha de Shahzada Dawood, que também morreu na tragédia, conta que o sobrinho tinha “a sensação” de que a expedição ao Titanic “não era boa ideia e não estava muito confortável a fazê-la”.
“Mas foi uma actividade do Dia do Pai. Era uma experiência para se conectarem e ele quis embarcar na aventura da vida dele, assim como o pai”, refere ainda Azmeh Dawood, notando que o irmão estava “a cumprir um sonho”.
Será que os corpos vão ser recolhidos?
Cada um dos cinco passageiros pagou 250 mil dólares para fazer a viagem até 4.000 metros de profundidade para ver os destroços do Titanic, num submarino que não estava homologado e cuja tecnologia estava ainda em desenvolvimento.
Os cinco tiveram que assinar uma renúncia de responsabilidade, onde assumiam estar cientes dos riscos de morte.
Agora que a tragédia foi confirmada, persistem várias dúvidas, nomeadamente quanto à recuperação dos corpos.
O mais provável é que seja impossível recuperar os cadáveres das cinco vítimas, até porque o submersível implodiu, o que pode ter fragmentado os corpos em múltiplos pedaços.
Será, contudo, essencial recolher o máximo possível de destroços do acidente, nomeadamente pedaços das fibras de carbono do submarino, para tentar perceber o que é que de facto aconteceu.
Nesta altura, as autoridades vão mapear a área em que foram encontrados restos do Titan, para depois proceder à recolha.
Já terão sido encontradas cinco peças do submersível de pouco mais de 6,5 metros de diâmetro, segundo o El Mundo, nas buscas a cerca de 700 quilómetros das costas da Terranova, no Canadá.
Entre essas peças estarão o cone do nariz e os sinos dianteiro e traseiro do casco de pressão.
Quem vai investigar o acidente?
Nesta altura, também não se sabe quem vai liderar a investigação ao acidente, mas é certo que haverá uma.
Os Governos dos vários países envolvidos nas buscas que custaram milhões de dólares, já estão a discutir a questão.
Não existe nenhum protocolo para este tipo de incidentes com submersíveis e a situação torna-se ainda mais confusa por ter ocorrido em águas internacionais.
Mas é provável que a Guarda Costeira dos EUA tenha um papel relevante no processo, até porque foi quem liderou as buscas.
A investigação vai centrar-se na teoria da implosão para tentar perceber quando e como aconteceu.
Nesse processo, os investigadores podem recorrer aos hidrofones, ou seja, “microfones subaquáticos usados para ouvir testes ilícitos de armas atómicas“, como nota a BBC. Foram estes equipamentos que ajudaram a concluir que o submarino argentino San Juan implodiu depois de ter desaparecido em 2017.
Mas, pelo meio, esta tragédia do submarino Titan será também uma excelente oportunidade para definir regras para futuras missões subaquáticas.