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Senado desafia Trump e quer condenar líder saudita por assassínio de jornalista

USDoD / Wikimedia

O príncipe saudita Mohammed bin Salman

O Senado dos Estados Unidos tem “um alto grau de certeza” de que Mohammed bin Salman “foi cúmplice” do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi.

São apenas seis os nomes dos apoiantes originais da resolução, mas é tal a influência destes senadores, três republicanos e três democratas, que restam poucas dúvidas sobre a aprovação do texto que desafia Trump, que já disse manter-se do lado da Arábia saudita.

“Esta resolução afirma, sem equívocos, que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita foi cúmplice no assassínio de Khashoggi e tem desestabilizado a região e posto em risco os nossos interesses de segurança nacional em várias frentes”, afirma o senador Lindsey Graham num comunicado. “Caberá aos sauditas decidirem como lidar com isto. Mas cabe aos EUA afirmar com firmeza quem somos e no que é que acreditamos.”

Para além de Graham, a resolução foi proposta pela senadora democrata Dianne Feinstein e pelos republicanos Marco Rubio e Todd Young, aliados aos democratas Edward Markey e Christopher Coons. Outros senadores influentes já falaram em defesa do texto.

Há semanas que alguns congressistas apontam o dedo ao príncipe herdeiro na morte do jornalista crítico que estava há um ano a viver na Virgínia. Khashoggi foi morto e desmembrado a 2 de outubro, no consulado saudita de Istambul, por um “esquadrão da morte” enviado da Arábia Saudita em aviões oficiais.

Riad nega qualquer envolvimento ou conhecimento prévio de Mohammed bin Salman, ainda que no grupo que matou o jornalista estivessem os responsáveis da segurança que lhe eram mais próximos.

A CIA, recorda o Público, concluiu que foi Mohammed bin Salman a ordenar a morte de Khashoggi. Depois de a Casa Branca negar que essas tivessem sido as conclusões, o Presidente Donald Trump afirmou que a agência tinha “a sensação” da culpa do príncipe mas não “estava convicta”.

A gota de água para a decisão destes senadores foi uma audiência com a diretora da CIA, Gina Haspel. “Não tenho nenhuma dúvida que o príncipe herdeiro ordenou a morte e foi sempre mantido ao corrente da situação”, afirmou no final do encontro o republicano Bob Corker, chefe da Comissão dos Negócios Estrangeiros.

Para além de o responsabilizar pelo assassínio, a resolução também considera Mohammed bin Salman culpado por alegadas atrocidades na guerra do Iémen e apela a Riad para pôr fim ao bloqueio que promoveu entre os países do Golfo Pérsico contra o Qatar. O grupo de senadores dos dois partidos exige ainda a libertação do blogger Raif Badawi, de várias mulheres ativistas e de outros presos políticos no reino.

Esta resolução é divulgada ao mesmo tempo que o Senado se prepara para avançar com outra que pretende impedir os EUA de continuarem a apoiar os sauditas na guerra iemenita. Aqui trata-se de invocar um procedimento que retira poderes sobre decisões militares ao Presidente, algo que já foi tentado e chumbado no passado.

ZAP //

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