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Secretárias clínicas foram vacinadas antes de médicos na linha da frente

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Giuseppe Lami / EPA

A Ordem dos Médicos e a Ordem dos Enfermeiros denunciaram o incumprimento dos critérios definidos pelo Governo para a primeira fase de vacinação contra a covid-19.

“Aquilo que estamos a ver é que o Plano de Vacinação, do ponto de vista das prioridades, está bem feito, mas os hospitais não estão a implementá-lo de acordo com o que está no papel”, disse a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, ao Expresso.

“Há casos em que médicos em teletrabalho, a fazer teleconsultas, foram chamados para vacinação, em detrimento de assistentes operacionais e de enfermeiros, entre outros profissionais, que estão 24 horas por dia em serviços covid”, acrescentou.

As dezenas de queixas de profissionais chegaram à Ordem dos Médicos e à Ordem dos Enfermeiros vindas do Centro Hospitalar de Lisboa Central, do Hospital de Santa Maria, do Hospital Garcia de Orta, do Hospital Padre Américo e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

“Há funcionários da urgência, tanto na de adultos como na pediátrica, que não foram chamados para esta primeira administração. Mas depois foram chamados profissionais que não têm contacto com doentes covid-19, que não têm perigo, como secretárias clínicas e diretores de serviços não-covid”, disse Carlos Cortes, presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos.

O Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra já admitiu terem existido erros, embora justifique que são naturais num processo de vacinação organizado em tempo recorde.

Carlos Cortes discorda e defende que “não foi só um erro”, já que “houve decisões a serem tomadas à revelia do plano de vacinação”. Para além de pessoas que deviam ter sido vacinadas e não foram, há também profissionais que foram vacinados e não deviam.

Os critérios do Governo definiam que teria de ser dada prioridade aos profissionais dos serviços de urgência, das unidades de cuidados intermédios e intensivos, dos serviços de doentes covid-19, das unidades de transplante, dos serviços de oncologia, dos blocos operatórios e de partos ou a profissionais que colhem e manipulam amostras de covid-19.

Daniel Costa, ZAP //

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