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Santa Casa: buraco de 99 milhões, prejuízo camuflado, previsão estranha

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jogossantacasa.pt

Além do fiasco na internacionalização, o Hospital da Cruz Vermelha é parcela significativa. Provedora Ana Jorge recebia 10 mil euros por mês.

As contas sobre o “buraco” na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa continuam a chegar. E os números não páram de aumentar.

A auditoria forense já tinha deixado dúvidas suficientes: 80 desconformidades na internacionalização, na Santa Casa Global.

Os dados do relatório e contas de 2023 mostravam perdas de praticamente 53 milhões de euros devido à internacionalização da entidade.

Mas, logo na altura, surgiu o aviso: o prejuízo global poderia ser ainda maior.

Confirma-se: 99 milhões de euros por recuperar, segundo novas contas apresentadas pela rádio Renascença, também baseadas no relatório do ano passado (que ainda vai ter de ser aprovado pelo Tribunal de Contas).

Os 49 milhões de euros colocados na Santa Casa Global foram dados como perdidos. Até é um prejuízo ligeiramente menor do que os 53 milhões que tinham sido noticiados.

A ideia era aumentar as receitas, mas a internacionalização revelou-se um fiasco.

Foram para o “lixo” mais de 31 milhões de euros em transferências e quase 18 milhões em garantias bancárias ou cartas de conforto para empréstimos.

A segunda maior parcela está relacionada com o Hospital da Cruz Vermelha: quase 30 milhões de euros para comprar 55% do hospital, no final de 2020, e toda a gestão que se seguiu.

O Conselho de auditoria já tinha indicado recentemente que a Santa Casa não deve financiar em exclusivo a sociedade que gere o hospital da Cruz Vermelha.

Há ainda uma terceira parcela mais significativa do que as restantes: transferências de mais de 13 milhões de euros para a Sociedade de Apostas Sociais (SAS), proprietária da Placard.pt.

Prejuízos camuflados

A margem financeira confortável que a Santa Casa tinha até 2020 está quase no zero. Os prejuízos na entidade começaram nesse ano e não pararam nos últimos quatro anos.

Além da internacionalização e do aumento da concorrência (jogo online), a COVID-19 também foi importante, já que a Santa Casa prestou assistência reforçada nos primeiros tempos da pandemia.

Mas, quando o Estado pagou 34,6 milhões de euros, numa transferência orçamentada nas contas de 2023, esse valor “disfarçou” as contas da entidade.

Depois de três anos seguidos de prejuízos, surgiu um resultado líquido positivo de 2,4 milhões de euros.

Algo que não teria acontecido se tivesse sido aplicada a regra contabilística que determina que as receitas acompanhem as despesas – o “princípio da especialização” – o prejuízo de 12 milhões em 2022 passaria para 31,5 milhões no ano passado, avança o ECO.

Receitas? De onde?

A Santa Casa prevê um aumento de 12% nas receitas com os jogos sociais – mas esse segmento está a registar quedas, ano após ano.

Já no primeiro trimestre de 2024, tendência reforçada: redução de 10% nos jogos sociais, face ao orçamentado.

Por isso, não se percebem os 12% anunciados pela administração da ainda provedora Ana Jorge.

A provedora da Santa Casa iria receber 135 mil euros neste ano. Ou seja, cerca de 10 mil euros por mês – será um dos cargos mais bem pagos em Portugal.

No entanto, segundo o Governo, a maioria dos trabalhadores na Santa Casa recebe o salário mínimo.

Ana Jorge está hoje, quarta-feira, na Assembleia da República, para conversar com os deputados.

ZAP //

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1 Comment

  1. Tudo o que respeita à Santa Casa, SEMPRE foi estranho.
    Era estranho no tempo da outra senhora, e permanece estranho há cinco séculos.
    Na sequência da estranheza, continua a ser estranho perceber o que pretende este governo e a sua “douta’ ministra, ambos com evidente défice discursivo, longe dos mínimos da ética e da educação, ao decidir passar um certificado de incompetência à única pessoa com competências demonstradas, para a colocar em casa a coser meias.
    Expliquem, de forma corajosa e explícita, o que realmente querem fazer da Santa Casa. Não se acanhem, que os portueses há muito que entenderam o que tentam aproveitar com mais um “golpe de teatro”, em tudo semelhante a outros, como o das finanças.

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