Rússia já deportou 230 mil crianças, acusa Kiev. Reino Unido envia mais armas para a Ucrânia

Bartlomiej Wojtowicz / EPA

O Governo de Kiev afirma que 234 mil crianças ucranianas foram levadas pelas tropas russas para os territórios ocupados, para a Rússia ou para a Bielorrússia e que 243 crianças já terão morrido por causa da guerra.

De acordo com a conselheira presidencial da Ucrânia para os Direitos das Crianças, Daria Herasymchuk, já foram deportadas pelo menos 234 mil crianças ucranianas desde o início da guerra contra a Rússia, em Fevereiro.

“Estas crianças são transportadas à força para os territórios temporariamente ocupados pelas forças russas, para a Rússia ou para a Bielorrússia. Lutaremos por todas as crianças ucranianas. Hoje também podemos dizer que o mundo dos adultos falhou no Dia da Criança na Ucrânia”, lamentou.

Desde o início do conflito também já terão perdido a vida 243 crianças ucranianas, segundo os dados do Governo. Volodymyr Zelenskyy aproveitou o Dia da Criança para comentar estes dados.

“O propósito desta política criminosa não é só roubar pessoas, mas fazer aqueles que foram deportados esquecer a Ucrânia e não os deixar voltar. A Ucrânia não pode ser conquistada, o nosso povo não se vai render e as nossas crianças não se vão tornar propriedade dos ocupadores”, declarou o Presidente da Ucrânia.

Reino Unido vai enviar lançadores de mísseis

Depois dos Estados Unidos terem cedido aos apelos da Ucrânia para mais armamento, o Reino Unido também vai enviar mais sistemas de lançamento de mísseis para apoiar os ucranianos, revela a CNN.

O anúncio foi feito na quarta-feira pelo Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace. O país vai enviar lançadores M270 que conseguem atingir alvos a 80 quilómetros de distância, o que será um “reforço significativo da capacidade das forças ucranianas”, segundo um comunicado oficial do Governo de Londres.

A decisão foi tomada em coordenação com a dos Estados Unidos, que também vão enviar armas com maior alcance para a Ucrânia. “O Reino Unido está ao lado da Ucrânia e tem assumido um papel de liderança no fornecimento das suas tropas heroicas com as armas vitais de que precisam para defenderem o seu país”, afirmou Ben Wallace.

“Com a mudança das tácticas da Rússia, o nosso apoio também tem de mudar. Estes sistemas de lançamento de mísseis múltiplos de alta capacidade vão ajudar os nossos amigos ucranianos a protegerem-se contra o uso brutal de artilharia de longo alcance da Rússia”, acrescentou.

Rússia falhou pagamento da dívida

A Rússia já falhou o pagamento de dívida, segundo um comité de responsáveis e investidores que avalia estas questões, tendo violado os termos de uma linha de obrigações e arriscando assim o pagamento de muitos milhões de euros.

Segundo a Bloomberg, o Credit Derivatives Determinations Committee (CDDC) determinou que o país falhou o pagamento de juros de 1,9 milhões de dólares (cerca de 1,7 milhões de euros) nestes títulos e com isso gerou o potencial reembolso de ‘credit default swaps’, visto que Moscovo não incluiu os juros adicionais de um pagamento em atraso nas obrigações realizado no mês passado.

De acordo com a Bloomberg, os ‘credit default swaps’ cobriam no mês passado um total de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) em dívida russa, sendo que no final de abril este valor atingia os 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).

A agência ressalva que os 1,9 milhões de dólares que agora estão em falta não são suficientes para gerar um ‘default’ (incumprimento) generalizado em outros instrumentos, sendo necessário um mínimo de 75 milhões de dólares (69,8 milhões de euros).

Os ‘credit default swaps’ são um instrumento financeiro que permite a um investidor ser reembolsado em caso de ‘default’.

Segundo a Bloomberg, depois da invasão da Ucrânia, os investidores compraram destes instrumentos, bem como a dívida pública e privada russa a que estão ligados, tendo em conta que a venda generalizada de ativos do país por parte de investidores institucionais estava a tornar o mercado atrativo.

Os Estados Unidos anunciaram que iam acabar, a partir de 25 de Maio, com a exceção que permitia à Rússia pagar as suas dívidas com dólares, decisão que pode levar Moscovo a entrar em incumprimento.

Desde as primeiras sanções contra a Rússia, o Departamento de Tesouro norte-americano tinha concedido aos bancos uma autorização para processar qualquer pagamento de títulos de dívida da Rússia.

O governo liderado por Joe Biden já tinha dado sinais que não pretendia estender o prazo desta exceção. Sem a licença para usar os bancos norte-americanos para pagar as suas dívidas, a Rússia não terá capacidade para pagar aos seus investidores internacionais de títulos.

O Kremlin (presidência russa) tem utilizado o JPMorgan Chase e o Citigroup como canais para o pagamento das suas obrigações.

Desde 5 de Abril, quando as sanções contra Moscovo foram reforçadas, que a Rússia já não podia pagar a sua dívida com dólares que detinha em bancos norte-americanos, noticiou a agência France-Presse (AFP).

A governadora do banco central russo, Elvira Nabioullina, admitiu em 29 de abril que Moscovo estava a enfrentar “dificuldades de pagamento”, mas recusou-se a falar sobre um possível incumprimento.

O Kremlin parece ter previsto a probabilidade dos EUA não permitirem que a Rússia continue a pagar os seus títulos em dólares e o Ministério das Finanças russo pagou antecipadamente dois títulos que venceriam no mês passado, noticiou ainda a AP.

Nesse caso, os próximos pagamentos que a Rússia precisará de fazer vencem em 23 de Junho e, como outras dívidas russas, esses títulos têm um período de carência de 30 dias, o que faria com que a situação de ‘default’ fosse declarada até ao final de Julho, excepto o cenário improvável da guerra na Ucrânia terminar antes dessa data.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

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