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Rui Moreira critica gestão da pandemia. “O país está todo descontrolado”

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Rui Moreira / Facebook

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira

O presidente da Câmara Municipal do Porto considera que “o país está todo descontrolado” e que as medidas que entraram em vigor no âmbito do estado de emergência já deveriam “ter sido tomadas há semanas”.

Em entrevista ao programa “Polígrafo SIC”, da SIC Notícias, Rui Moreira abordou vários temas, nomeadamente a atual gestão da pandemia de covid-19. O autarca considerou que, neste momento, “o país está todo descontrolado”, mas que “a região Norte vive uma situação que merece particular atenção”.

“Está a acontecer a mesma coisa que aconteceu em março. Nessa altura, a pandemia começou no interior do distrito do Porto e esta segunda vaga também começou a ter maior expressão no interior do distrito do Porto. Isto acontece porque é aqui que se concentram mais fábricas, indústrias e um conjunto de pessoas que não podem estar em teletrabalho. (…) Estamos a viver uma situação preocupante”, declarou.

O presidente da Câmara do Porto afirmou que as medidas que entraram em vigor, esta segunda-feira, no âmbito do estado de emergência já deveriam ter sido tomadas há mais tempo.

“As medidas que estamos agora a tomar já deviam ter sido tomadas há semanas. (…) A única coisa que até agora conteve eficientemente a pandemia foi o confinamento. Mas, neste momento, não podemos confinar totalmente o país por um período tão prolongado.”

“O país não está preparado para amanhã se ver confrontado com notícias de 200 ou 300 mortos por dia e, no entanto, podemos estar à beira de o ter. E isso mataria a economia de qualquer maneira”, declarou.

Para Rui Moreira, o recolher obrigatório pode não ser eficaz numa altura em que os casos  já estão muito elevados. “Tenho muitas dúvidas sobre o recolher obrigatório, (…) porque vamos aumentar a pressão naquelas horas, vai haver uma concentração”.

“Consigo compreender o recolher obrigatório durante algumas horas da noite por causa de algumas atividades, mas essas atividades precisam é de policiamento para as interromper. E também não consigo compreender porque é que não se ajustou isso à realidade comparada do país”, acrescenta.

“Custa-me a perceber porque é que, mais uma vez, não se envolveu os Presidentes de Câmara, nem as comunidades municipais. O municipalismo tem conseguido, muitas vezes, suprir muitas das carências que tem havido a nível da administração central, a nível do Governo e, principalmente, a nível da DGS”.

O autarca da Invicta considera que a “permanente precipitação” do Executivo em tomar decisões tem uma responsabilidade principal: a comunicação.

É uma comunicação catatónica, muito virada para números que invariavelmente estão mal, conferências de imprensa que cansam toda a gente, mensagens completamente obtusas. (…) Muitas pessoas continuam a não perceber objetivamente o que é que têm de fazer. Precisamos que as mensagens sejam claras”, apelou.

“O país tinha a obrigação de ter aprendido com o que aconteceu em março e abril. O senhor primeiro-ministro disse que não se tiravam os generais porque era uma guerra. Mas eu acho que ganhámos a guerra em março e abril, não foi nenhum milagre. A guerra do verão nós perdemo-la. E continuamos a ter os mesmos generais a fazer as mesmas coisas”, afirmou Moreira, acrescentando que, “em relação à DGS, são erros a mais”.

ZAP //

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