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O “requinte de malvadez” na tensão Costa-Centeno e o “provocador inteligente” do Chega

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Carlos Barroso / Lusa

Luís Marques Mendes

Este domingo, Marques Mendes abordou o alegado conflito entre António Costa e Mário Centeno, afirmando que é uma “das coisas mais graves” a que já assistiu. Já em relação à repreensão de Ferro Rodrigues a André Ventura, considerou “um momento muito infeliz” do presidente da Assembleia da República.

Este domingo, no habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes referiu que a questão que envolve o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças, Mário Centeno, é “das coisas mais graves” a que já assistiu “numa relação entre primeiro-ministro e ministro das Finanças”.

Marques Mendes afirma, “há meses”, que ambos estão “em rota de colisão”, mas para o comentador “a gravidade aqui é que primeiro-ministro quis que fosse público, não fez nada para evitar que fosse público e sabe muito bem quais são as consequências deste conflito ser público”.

Na sexta-feira, em Bruxelas, António Costa admitiu a existência de “problemas” na proposta do orçamento para a zona euro, ainda que tenha afastado quaisquer “constrangimentos” com Mário Centeno.

Luís Marques Mendes afirmou que este confronto “enfraquece o ministro das Finanças dentro do Governo”. “Fica mais fraco politicamente e fragiliza-o também dentro do Parlamento, perante todas as bancadas”. É “um requintezinho de malvadez isto ser feito em vésperas de um debate de Orçamento”.

“Isto começou, praticamente, a seguir ao momento em que Mário Centeno foi para presidente do Eurogrupo”, acrescentou, para sustentar que esta questão tem raíz num “mal-estar acumulado“.

“Porquê? Mário Centeno queria ser Comissário Europeu – António Costa deu-lhe a volta. Mário Centeno quis ser diretor-geral do FMI – acusa António Costa de não o ter ajudado nesse objetivo. Mário Centeno foi despromovido dentro da hierarquia do Governo – obviamente, não gostou”, argumentou.

Luís Marques Mendes apontou ainda um conflito de poder: “Mário Centeno é um caso invulgar de popularidade e quando o ministro das Finanças tem poder a mais, o primeiro-ministro tem poder a menos. Centeno é o único ministro que não pode ser substituído pelo primeiro-ministro, porque se ele for substituído cá dentro há uma crise lá fora – ele é presidente do Eurogrupo.”

Sobre o Orçamento de Estado para 2020, que será entregue esta segunda-feira, Marques Mendes realçou, citado pelo Observador, que é “histórico” um orçamento sem défice e com excedente orçamental: “Nunca aconteceu em democracia. E nunca aconteceu desde 1970. E é decisivo. É um sinal de credibilidade internacional de Portugal.”

André Ventura, o “provocador inteligente”

O antigo secretário de Estado falou ainda sobre a repreensão que o presidente da Assembleia da República, Eudardo Ferro Rodrigues, fez ao líder do Chega, André Ventura, numa das suas intervenções parlamentares, por causa de um uso exagerado da palavra “vergonhoso”.

Para o comentador, Ferro Rodrigues “teve um momento muito infeliz”, que configurou “um exagero completo”. “Essa é uma terminologia habitual no Parlamento português e em qualquer Parlamento da Europa e do mundo. Eu já usei essas palavras, muitos deputados já usaram essas palavras. Não sejamos mais papistas que o Papa.”

Além de “exagerada”, a reação de Ferro foi “contraproducente”. “Não vai afetar André Ventura, dá-lhe palco”, considerou.

“Algumas pessoas à Esquerda sentem alguma dificuldade em lidar com André Ventura, com o Chega e com os populismos de Direita. Reagem de uma forma que não é inteligente. André Ventura é um provocador, mas é um provocador inteligente, tem que se reagir com frieza, com serenidade, sem ter estados de alma e sobretudo sem ter preocupações de censura ou de policiamento do pensamento”, disse Marques Mendes.

ZAP //

3 Comments

  1. Por uma vez, tendo a concordar com MM. Mais no diferendo Ventura/Ferro do que no Costa/Centeno. A política portuguesa, escassa de ideias, socorre-se de lutas de galos.

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