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Relatório sobre Tancos é tão secreto que ninguém sabe quem o fez

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Paulo Vaz Henriques / Portugal.gov.pt

O Primeiro-Ministro António Costa, e o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa

O primeiro-ministro, António Costa, reiterou esta noite desconhecer o relatório noticiado pelo Expresso sobre o furto de armas em Tancos, sublinhando que o documento não pertence a “nenhum organismo oficial” do Estado.

“Não sei a que documento se refere o Expresso. Sei que não é de nenhum organismo oficial do Estado português”, disse António Costa, em declarações à RTP em Almancil, no concelho de Loulé, à margem de uma iniciativa de apoio aos candidatos locais nas autárquicas de outubro.

O semanário Expresso divulgou hoje um relatório, que atribuiu aos serviços de informações militares, com cenários “muito prováveis” de roubo de armamento em Tancos e com duras críticas à atuação do ministro da Defesa Nacional, na sequência do caso conhecido em 29 de junho.

O relatório de 63 páginas citado pelo Expresso foi elaborado cerca de um mês depois do anúncio do furto na Base de Tancos, de onde foi levado diverso material de guerra.

Classificando o caso de “extrema gravidade” e notando que deve ser “investigado e definidas todas as consequências”, o relatório aponta a actuação do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, como de uma “arrogância quase cínica” e de “ligeireza, quase imprudente”.

Também o Chefe de Estado-Maior do Exército, o General Rovisco Duarte, é criticado porque, embora tenha assumido as suas responsabilidades, “não terá tirado consequências” das mesmas.

O primeiro-ministro sublinhou que o Estado-Maior-General das Forças Armadas já “desmentiu a autenticidade desse documento”, tal como o secretário-geral dos Serviços de Informações.

Para o líder do executivo do PS, sai fragilizada a “credibilidade da informação” e dos que “comentam notícias sem verificar a veracidade dos documentos”, aludindo ao presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.

“Acho absolutamente lamentável que Passos Coelho tenha feito comentários com base numa notícia sem primeiro sequer confirmar se esse documento era autêntico”, sublinhou António Costa.

Receio muito que estejamos a falar sobre algo fabricado e não sobre um documento autêntico. Um documento autêntico já sabemos que não é”.

Em declarações ao DN, o porta-voz do Estado-Maior General das Forças Armadas, tenente-coronel Hélder Perdigão, por sua vez, diz desconhecer existência de qualquer documento feito sobre Tancos pelo seu Centro de informações militares.

O EMGFA “desmente categoricamente” que o Centro de Informações e Segurança Mlitares tenha feito qualquer relatório sobre o furto de material em Tancos, realça o seu porta-voz, e “desconhece qualquer outro documento com o teor das afirmações publicadas no artigo em causa”.

Em declarações prestadas na Festa do Outono em Serralves, no Porto, também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa diz que não leu o relatório, nem sequer “a notícia sobre o relatório”.

Ninguém esperaria que o Presidente da República comentasse uma notícia sobre um relatório secreto, de um serviço secreto”, disse Marcelo, reforçando a necessidade de se perceber se “houve ou não houve crime”. Caso tenha havido, é preciso saber “como é que aconteceu e quem são os responsáveis”.

Entretanto, em nota divulgada às 18:00, o Expresso garante que “o documento existe e é verdadeiro”, e que a credibilidade do documento foi confirmada pelo jornal “junto de várias fontes.

As fontes humanas citadas pelo relatório, que contém informação de cariz militar e também ao nível da segurança interna, “são militares no ativo e também na reserva”.

ZAP // Lusa

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