Marcelo Rebelo de Sousa assegurou, esta segunda-feira, que a primeira remodelação do atual Governo se prende com razões de saúde e prometeu uma investigação alargada ao polémico caso que envolve a Câmara Municipal de Setúbal.
Em declarações aos jornalistas, em Belém, o Presidente da República garantiu que a demissão de Sara Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e Migrações, nada tinha de político.
Questionado sobre se o motivo se prendia com o caso dos ucranianos em Setúbal, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não, não. Infelizmente, foi uma questão pessoal de força maior.”
“Foi uma substituição imediata porque, como o senhor primeiro-ministro [António Costa], aliás, me fez saber, e eu percebi, é um pelouro hoje muito importante, ainda mais importante do que nunca, por causa dos refugiados vindos da Ucrânia. Portanto, houve que proceder imediatamente à assinatura da exoneração e à assinatura da nomeação”, justificou, citado pelo Diário de Notícias.
Em relação ao caso de Setúbal, o Presidente disse que os factos “devem ser apurados” através de “inspeção administrativa” e, “se for caso disso, do ponto de vista judicial”.
“Quantos casos, em que instituições, só o poder local, instituições da sociedade civil variadas, associações, outras instituições? Vamos apurar“, sendo para isso importante “alargar a investigação“, salientou Marcelo.
“Depois de apurados [os factos], acho que vale a pena pronunciar-me“, prometeu ainda o Presidente da República.
A saída de Sara Abrantes Guerreiro concretiza-se apenas três dias depois de ter surgido a notícia de que refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara Municipal de Setúbal por russos que apoiam Vladimir Putin, Presidente da Rússia.
Os ucranianos foram controlados à chegada da autarquia, liderada pela CDU, tendo sido pedido documentos e localizações de familiares. No mesmo dia, a autarquia retirou do acolhimento uma técnica russa.
No sábado, dia seguinte à publicação da notícia, a Câmara de Setúbal alegou que pediu ao Governo uma intervenção rápida sobre as suspeitas de envolvimento de associações pró-russas no acolhimento de ucranianos e pediu uma investigação ao Ministério da Administração Interna (MAI).
No mesmo dia, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) suspendeu os pedidos de colaboração a pessoas ligadas à Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo). Igor Khashin, russo que tem recebido os refugiados, é líder desta associação.