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Reabertura das escolas será “aprendizagem” para o próximo ano, diz Costa

António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, declarou esta sexta-feira que o regresso às aulas presenciais não significa a interrupção do ensino à distância e que servirá como aprendizagem para o próximo ano letivo.

Segundo avançou a Rádio Renascença, Costa acredita que, no próximo ano letivo, ainda não deverá estar disponível uma vacina para a covid-19.

Durante uma visita à Escola D. Pedro V, em Lisboa, sublinhou que “não se estuda para fazer exames” e que, por isso, “além da atividade letiva presencial nas disciplinas para que há exame, a aprendizagem continua também à distância em casa”, para os alunos dos 11.º e 12.º anos, que vão regressar às escolas, e para os restantes.

“É muito importante compreender que o ensino presencial nas escolas não substitui o que vai continuar a desenvolver-se à distância, através do ensino síncrono, quer nas disciplinas que não vão ser lecionadas presencialmente, quer para complementar a atividade letiva que não se esgota na sua dimensão presencial”, referiu.

“Vai ser uma escola diferente que vamos ter, neste final de terceiro período, mas esta semanas vão ser muito importantes para todos, para concluir bem este ano letivo e, sobretudo, para treinar o próximo, porque vamos ter todo um próximo ano letivo em que vamos ter de conviver com o vírus”, destacou ainda.

Costa explicou que “este regresso é uma forma de todos testarem metodologias e aprenderem, na prática, o que é necessário manter, aperfeiçoar e fazer melhor”, para que próximo ano letivo decorra “sem o sobressalto das últimas semanas”.

O primeiro-ministro assegurou que o regresso às aulas presenciais, na segunda-feira, far-se-á com a máxima segurança, agradecendo “muito a toda a comunidade educativa o esforço extraordinário que foi feito para, num curto espaço de tempo, adaptar as escolas para que possam acolher todos os que nelas trabalham em segurança”.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que acompanhava Costa esta sexta-feira, destacou o papel dos assistentes operacionais nas escolas no reinicio da frequência das escolas por parte dos alunos, noticiou a agência Lusa.

“Os assistentes operacionais, juntamente com os professores e as direções das escolas têm um papel fundamental para que essas boas práticas, esse dia a dia do novo normal possa ser cumprido dentro das escolas”, sustentou Tiago Brandão Rodrigues.

Miguel A. Lopes / Lusa

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues

Para o ministro, o quotidiano dos alunos tem, forçosamente, de se adaptar à nova realidade. “O facto de não se aproximarem, o facto de tudo estar higienizado, poderem pulverizar as mãos em cada momento para que que o ensino e a aprendizagem aconteçam aqui, como em muitas outras escolas do pais”, concluiu.

Escolas sem garantia de ter todos os professores

A Rádio Renascença noticiou igualmente que, apesar do regresso de cerca de 160 mil alunos à escola na próxima segunda-feira, muitos não terão aulas com o professor que os tem acompanhado ao longo do ano letivo, visto que os docentes de grupos de risco são dispensados, levando a novas contratações.

A procura por professores nesta fase não satisfaz pais nem alunos, que criticam a obrigação do ensino presencial. O presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), Rui Martins, disse que, numa altura de realização dos exames, ficar sem os professores titulares é um risco.

O responsável defendeu ainda que, “o ensino à distância, à partida, será uma vantagem muito maior do que encontrar professores novos, que nunca tiveram contacto com qualquer aluno”.

Também Hugo Barreto, da Federação das Associações de Estudantes do Ensino Básico e Secundário, criticou a situação, lamentando o facto de os alunos não saberem qual o professor que vão ter nas aulas presenciais, até porque “as turmas vão ser divididas”.

Petição com quase 900 assinaturas

A petição “Por que não devem reabrir as escolas”, criada por um grupo de professores que entende que a reabertura das escolas não garante a igualdade de oportunidades, dirigida ao presidente da Assembleia da República, já conta com a assinatura de quase 900 professores.

À Rádio Renascença , Maria Sanches Ribeiro, professora de Biologia e Geologia do 11º ano na Escola Secundária Passos Manuel e uma das peticionárias, disse que “há vários alunos que se encontram em situação de profunda desigualdade com este regresso à escola”.

“Muitos alunos poderão não regressar por questões de saúde, outros regressando à escola não terão acesso ao professor com que trabalharam o ano inteiro, outros correrão risco de ficar sem aulas pela falta de professores, outros ainda poderão correr riscos sérios, porque têm de utilizar os transportes públicos”, apontou.

Caso a petição atinja as mil assinaturas será publicada no Diário da Assembleia da República e os peticionários ouvidos na comissão.

ZAP //

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