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PSD/Cascais chumbou regresso de Capucho. “Cobardia política”, reage

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Miguel A. Lopes / Lusa

À mesma hora em que Rio defendia o regresso de Capucho ao partido na televisão, a concelhia de Cascais aprovava moção contra o regresso do histórico do PSD.

A concelhia do PSD de Cascais aprovou esta quinta-feira à noite, por unanimidade dos presentes e através de voto secreto, uma moção contra a readmissão do histórico militante social-democrata António Capucho às bases do PSD.

De acordo com o Observador, trata-se de um sinal político da concelhia contra o regresso de Capucho, mas que ainda não se traduz numa recusa oficial visto que o “papel formal” do pedido de admissão ainda não chegou ao partido.

De madrugada, Capucho reagiu: considerou a decisão “extemporânea” e acusou a secção partidária de “cobardia política” por não ter aceitado ouvi-lo, em nota enviada à agência Lusa. Disse ainda “não estranhar a decisão”, por razões que prefere não adiantar.

“Como o assunto foi tornado público, e como o secretário-geral do partido teve a gentileza de nos informar do pedido de admissão, a comissão política da secção de Cascais hoje [quinta-feira] reunida deu parecer desfavorável”, disse o presidente da concelhia social-democrata de Cascais, Manuel Castro, confirmando que “o pedido ainda não existe formalmente” e que, quando existir, a concelhia tem 30 dias para se pronunciar.

Segundo Manuel Castro, a concelhia é obrigada a pronunciar-se sobre todas as admissões e readmissões de militantes, costumando receber os pedidos na primeira semana de cada mês, e tendo depois 30 dias para se pronunciar sobre elas.

O pedido de admissão de António Capucho ainda não chegou ao partido, mas a concelhia entendeu pronunciar-se na mesma dada o caráter “público” do assunto. Mesmo depois disso, o parecer obrigatório da concelhia não tem caráter vinculativo, visto que o conselho jurisdicional do partido pode recorrer.

À mesma hora em que decorria a reunião da concelhia de Cascais, Rui Rio respondia nos estúdios da SIC a uma questão sobre se o regresso de António Capucho não era uma afronta para o anterior líder do PSD. Perante a alusão ao facto de a concelhia estar reunida, Rui Rio fazia uma correção: “A concelhia não se pode pronunciar porque ainda não recebeu o papel, quando chegar, que se pronuncie”.

“Ignoro os fundamentos que têm obrigatoriamente de ser invocados para a recusa da minha admissão, escolhidos de entre os que constam no regulamento aplicável, mas não vislumbro que qualquer deles seja elegível”, referiu Capucho.

“E tiveram a cobardia de não me aceitar ou de não me convidar para assistir. Disponibilizei-me junto do Presidente da Concelhia para poder informar sobre as razões da minha solicitação e esclarecer qualquer dúvida e não me disseram rigorosamente nada. Sei perfeitamente o que é que eles vão dizer, tem a ver com o facto de que eu, quando não era militante do PSD, ter apoiado o PS”, disse à TSF. “Portanto, se o partido admite comunistas que chegaram a ser líderes parlamentares, esse argumento não colhe. Eu não posso ser sancionado, digamos assim, num período em que não sou militante”.

“Quando eu revelar os abraços que recebi de gente que tem estado desafeta do Rui Rio dizendo ‘ainda bem que regressas’, ‘bem-vindo à casa’, ‘bom filho à casa torna’, etc., vão ficar espantados, nomeadamente, estes senhores aqui de Cascais.”, argumentou.

O ex-militante e antigo vice-presidente do PSD, António Capucho, fez saber esta semana que tenciona regressar oficialmente ao partido. A informação foi confirmada pelo próprio PSD, em comunicado, onde dizia que a sua “nova ficha de militante” já tinha dado “entrada na sede do PSD”.

O antigo dirigente lembra também que esteve na “génese da implantação do PPD no concelho, tendo presidido a várias Comissões Políticas Concelhias em acumulação com o cargo de Secretário-Geral.

Militante social-democrata desde 1974, António Capucho presidiu à Câmara Municipal de Cascais entre 2001 e 2011. Foi membro do Conselho de Estado, secretário de Estado, ministro, deputado e eurodeputado. No PSD, ocupou cargos como os de secretário-geral, vice-presidente e líder parlamentar.

Capucho tinha sido expulso do partido em 2014, na sequência do seu apoio à lista adversária dos sociais-democratas à Câmara de Sintra em 2013, liderada por Marco Almeida, outro militante do partido que se afastou da direção nos tempos em que era liderada por Pedro Passos Coelho — e que, entretanto, foi também reintegrado.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. De facto, António Capucho pouco tem a ver com a grande maioria dos políticos; É HONESTO, ÍNTEGRO E INCORRUPTÍVEL. Daí os outros…

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