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PSD pressiona Costa no caso Galp. Freitas exige demissões

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Mário Cruz / Lusa

Fernando Rocha Andrade, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Fernando Rocha Andrade, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

A viagem oferecida pela Galp a três secretários de Estado está longe de ser um assunto encerrado, como anunciou o governo, e Freitas do Amaral diz que tem que haver demissões. Já o PSD pressiona António Costa para interromper as férias e explicar o caso.

Para o antigo ministro dos Negócios Estrageiros Freitas do Amaral, é certo que o primeiro-ministro deve demitir os secretários de Estado que aceitaram convites da Galp para assistir a jogos da Selecção nacional em França.

Ultrapassou-se a fronteira do que é legítimo e devem ser demitidos, se não se demitirem”, afirmou Freitas do Amaral, jurista, professor catedrático de Direito e que foi ministro no Governo socialista liderado por José Sócrates.

“Quem exerce cargos públicos não pode receber presentes de entidades privadas. Ponto final”, declarou Freitas do Amaral em entrevista ao programa 360º, da RTP 3.

PSD quer ouvir explicações de Costa

O PSD não vai ao ponto de pedir a demissão dos secretários de Estado Fernando Rocha Andrade (Assuntos Fiscais), João Vasconcelos (Indústria) e Jorge Costa Oliveira (Internacionalização), mas diz que António Costa “não pode continuar em férias dizendo que nada dirá”.

Pela voz do deputado Fernando Negrão, os sociais-democratas exigem “explicações” do primeiro-ministro, salientando que “tem responsabilidades muito especiais nesta área”.

“Estamos a falar de ética na governação“, acrescenta Negrão, actual presidente da Comissão Parlamentar Eventual para o Reforço da Transparência no Exercício e Funções Públicas, na sede do PSD, em Lisboa.

O parlamentar social-democrata sublinhou um “apelo ao primeiro-ministro para que dê uma explicação aos portugueses” e mostrou disponibilidade do seu partido em acolher o pedido do CDS-PP de que o Governo seja ouvido rapidamente em sede de comissão permanente da Assembleia da República sobre esta questão.

“Estes secretários de Estado ficam inibidos de ter qualquer tipo de relação com a empresa Galp. Como é possível que três governantes em áreas estratégicas e com ligações a essa empresa, possam continuar a exercer as suas competências, numa situação em que de alguma forma estão comprometidos?”, questionou ainda.

Fernando Negrão admitiu ainda que vários deputados sociais-democratas tenham também beneficiado das mesmas viagens, pagas pelo dono da Olivedesportos, Joaquim Oliveira, mas diferenciou a sua situação da dos governantes, os quais “têm uma exigência particular” em virtude das suas “competências executivas”.

Cristas fala num caso “escandaloso”

Do lado do CDS, Assunção Cristas reforça a ideia da demissão, salientando que “é um assunto grave, escandaloso”.

“Quando o governo vem dizer que tudo se resolve com a devolução do dinheiro, está a passar um atestado de menoridade a todos e a cada um dos portugueses”, diz ainda a líder centrista, frisando que é “inadmissível” o silêncio do primeiro-ministro.

“Não se pode esconder, não dizendo nada, o que significa que se tornou conivente com esta situação”, conclui Assunção Cristas.

ZAP / Lusa

5 Comments

  1. Os responsáveis do PSD, em vez de falar da casa do vizinho, deviam preocupar-se com os elementos da sua área política e com responsabilidades na AR que, do mesmo modo que outros, também cometeram o mesmo erro… mas, como de costume, tentam atirar areia para os olhos dos portugueses.

  2. Há dias, ouvi no noticiário que um dos grandes indêndios que consome o nosso património florestal, eclodiu à uma da madrugada… visto isto, que já não é novo pergunta-se: quando é que se tomem medidas para acabar com este flagêlo? Quando se prendem os criminosos? Se as autoridades não tomam medidas eficases então, estão coniventes com a situação e fazem parte, mesmo que de forma passiva, do sistema….

  3. Como querem estes governos de chácha, que o povo respeite a lei, e se sinta na obrigação de a cumprir, se eles, ficam a assobiar para o lado, á espera que a crise passe. Diziam ser arrogante, o governo de Passos Coelho, Concordo, porêm estes que agora governam, não ficam muito longe disso. Devem pois, os políticos faltosos, ser exonerados das suas funções, pois já não são credíveis, de imparcialidade. Não podem ficar impunes. Vamos tambem descobrir a careca dos anteriores, e impedir que continuem na politica. A culpa não pode morrer solteira. E sorte terão, se não malharem com os ossos na cadeia. Há respeito pela lei, ou é só para os outros?. Se a lei é para ser violada, então que sejamos todos uma familia de violadores. SE O SOL TAMBÉM SE PAGA, ENTÃO VAMOS TODOS APANHAR SOL AOS QUADRADOS. Com uma linda vista para o pátio da cadeia. Cerca-se o país, com arame farpado electrificado, e uma torre de vigia, de cem, em cem metros. Mão de obra barata, não falta por cá.

  4. É mais uma atitude lamentável deste governo que pretende “governar” o país, governando-se. Como é possível, num estado de direito, que após a descoberta do caso das viagens pagas pela GALP, ainda se mantenham em funções pessoas com este tipo de carácter. A Galp, ao assumir os custos destas viagens, fê-lo num âmbito de “investimento” e soube bem escolher os premiados com a oferta. Não há almoços grátis e, concerteza, o fez para colher frutos à frente. Não convidou cidadãos anónimos, nem mesmo o habitual “emplastro”, que lhe daria uma maior e melhor promoção. Pena foi que os secretários de Estado tivessem sido tão inocentes ou interessados na oferta e pusessem à frente destes interesses o seu dever de isenção, que deveriam ter no desempenho dos cargos públicos que exercem. Nunca mais terão condições para se manter no governo, pelo que António costa deve demiti-los. Se não o fizer, será conivente e não mais terá condições de actuar em casos semelhantes. O Armando Vara, como confessou, só recebeu umas caixas de robalos, mas estes e outros, já não se contentam com tão pouco. É também impressionante como Santos Silva, tão paladino a criticar outros, como vem agora defender que o problema fica arrumado com a devolução do custo da viagem….
    Só se estivermos numa republica das bananas e eu, como cidadão deste país, não o quero.

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