Jose Luis Martinez Alvarez / Wikimedia

O Homo heidelbergensis poderá ser o antepassado comum do Homo neanderthalensis e do Homo sapiens.
Um novo estudo revela que a misteriosa caveira encontrada na Gruta de Petralona, na Grécia, tem 300 mil anos — e não era nem humana, nem Neandertal. Seria, provavelmente, de um Homo heidelbergensis.
Uma equipa internacional de investigadores datou em cerca de 300 mil anos o enigmático crânio encontrado na Gruta de Petralona, na Grécia.
O crânio, com uma estalagmite a crescer-lhe do interior, não era nem Homo sapiens nem Neandertal, concluíram os autores do estudo, recentemente publicado na Journal of Human Evolution.
O fóssil foi descoberto em 1960, preso à parede da Gruta de Petralona, no norte da Grécia. Desde então, os cientistas têm debatido a sua posição na árvore evolutiva humana e enfrentado dificuldades em determinar a sua idade — até agora.
No novo estudo, os investigadores dataram a calcite, um mineral de carbonato de cálcio comum em grutas, que se encontrava alojada no crânio, tendo determinado que teria pelo menos 277 mil anos.
Não se sabe exatamente quanto tempo o crânio esteve na gruta antes de começar a cobrir-se de calcite, mas esta nova estimativa ajuda a restringir as anteriores tentativas de datação, que variavam entre 170 mil e 700 mil anos.
As conclusões reforçam hipóteses anteriores de que indivíduo terá vivido na Europa do Pleistocénico, em simultâneo com os Neandertais, mas pertencia a um grupo humano diferente, designado Homo heidelbergensis.
O fóssil de Petralona é distinto tanto de Homo sapiens como dos Neandertais, afirma Chris Stringer, paleoantropólogo do Natural History Museum de Londres e coautor do estudo, ao Live Science.
“A nova estimativa de idade apoia a persistência e coexistência desta população em paralelo com a linhagem Neandertal em evolução no Médio Pleistocénico europeu”.
O crânio de Petralona, por vezes chamado “Homem de Petralona”, era quase certamente masculino, com base no tamanho e robustez do fóssil, explica Stringer. Os dentes apresentavam desgaste moderado, o que indica que terá pertencido a um jovem adulto.
Stringer adianta que há indícios de que o crânio estava preso à parede por incrustações de calcite — do mesmo tipo das que se projetavam do próprio fóssil. Para estimar a idade destas incrustações, os investigadores usaram o método de datação por séries de urânio.
O calcite contém pequenas quantidades de urânio, que se decompõe num outro elemento radioativo, o tório, a um ritmo constante. Essa taxa fixa de decomposição permite calcular idades com base na proporção entre urânio e tório. O calcite do crânio remonta a cerca de 286 mil anos, com elevado grau de confiança de que tenha, no mínimo, 277 mil anos.
A investigação também sugere que o calcite cresceu de forma bastante rápida na gruta. Segundo Stringer, não terá demorado muito até o crânio ter adquirido a sua primeira camada de calcite, o que aponta para uma idade em torno de 300 mil anos. No entanto, o fóssil poderá ser ainda mais antigo, caso o processo de formação do calcite tenha sido mais demorado.