A vacinação dos profissionais de saúde do setor privado e do INEM deverá começar a partir de 11 de janeiro. Os militares que trabalham no Hospital das Forças Armadas de Lisboa, Porto e no Centro de Apoio Militar covid-19 também vão ser vacinados durante a próxima semana.
De acordo com o jornal Público, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, garante que o coordenador da task-force para o plano de vacinação, Francisco Ramos, disse que os profissionais no setor privado e do INEM vão começar a receber a vacina contra a covid-19 a partir de segunda-feira 11 de janeiro.
Segundo a bastonária, a informação foi transmitida na reunião entre Francisco Ramos e a Ordem dos Médicos, a Ordem dos Enfermeiros, a Ordem dos Médicos Dentistas e a Ordem dos Farmacêuticos.
Esta informação surge depois de o Conselho Estratégico Nacional da Saúde da Confederação Empresarial de Portugal ter denunciado que cerca de 15 mil profissionais de saúde do setor privado não ttinha informação sobre a sua inclusão nos beneficiários da vacina.
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, assegurou ainda que os militares que trabalham no Hospital das Forças Armadas de Lisboa, Porto e no Centro de Apoio Militar covid-19 vão ser vacinados durante a próxima semana.
“Nós estamos a falar de cerca de 640 profissionais de saúde a trabalhar no Hospital das Forças Armadas de Lisboa, Porto e no Centro de Apoio Militar de covid, o antigo Hospital Militar de Belém. Serão vacinados durante a próxima semana, a semana de 4 de janeiro”, garantiu.
A ministra da saúde, Marta Temido, anunciou que a vacinação contra a covid-19 de idosos e profissionais dos lares e unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados começa já na próxima semana.
A vacinação em lares arranca nos 25 concelhos do país que se encontram em risco extremo e já estão identificadas as primeiras 150 estruturas onde irá começar a vacinação. Por região, são 11 no Norte, cinco no Centro, um em Lisboa e Vale do Tejo e oito no Alentejo.
A vacinação deverá ser garantida com a entrega do segundo lote de mais de 70.200 doses esperadas em Portugal esta semana, depois das primeiras 9750 entregues no último sábado.
Esta previsão assenta, assim, no cumprimento das datas de entrega previstas pela farmacêutica Pfizer-BioNTech.
A vacina começou a ser administrada a profissionais de cinco centros hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no domingo, dia 27 de dezembro.
Impacto da vacina só será visível a partir de abril
De acordo com o semanário Expresso, só quando terminar a primeira fase da vacinação em abril é que começará a ser visível o seu impacto na redução dos internamentos em cuidados intensivos e nos óbitos.
“Nunca antes de abril a vacinação terá um efeito tangível na redução das hospitalizações e dos cuidados intensivos em Portugal”, explicou Henrique Veiga-Fernandes, investigador da Champalimaud Research, em declarações ao Expresso. “Esse impacto será visível de forma mais clara no final da segunda fase, depois de termos as pessoas com mais de 65 anos vacinadas. Nessa altura, estará protegida a população que é maioritariamente afetada pela doença. Teremos então cerca de um terço dos portugueses vacinado, a que acresce pelo menos 10% a 15% de pessoas que sabemos que até hoje já teve contacto com o vírus.”
“Se o plano de vacinação for cumprido, algures entre abril e maio deveremos sentir uma redução sistemática e permanente dos internamentos e dos óbitos por covid”, concordou Tiago Correia, investigador do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.
Para já, os especialistas ainda não têm estimativas concretas sobre o impacto que a vacinação de uma determinada percentagem da população terá no número de internamentos em cuidados intensivos e de óbitos.
Sabe-se apenas que, pelo menos até abril, o vírus continuará a circular, não devendo registar-se um abrandamento significativo do número de casos.
Aliás, segundo Veiga-Fernandes, a população infetada será provavelmente assintomática ou terá sintomas ligeiros. “O vírus tem uma circulação em que 80% a 90% dos infetados são assintomáticos ou têm sintomas extraordinariamente ligeiros. Essa percentagem vai aumentar, porque a fração que requer cuidados de saúde vai estar protegida.”
Maria Campos, ZAP // Lusa