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Professores portugueses agredidos em Timor. São acusados de serem transmissores de Covid-19

Professores portugueses em Timor-Leste foram agredidos e ameaçados e estão, desde a madrugada de domingo, num hotel em Díli. Os profissionais são acusados por alguns residentes de terem levado a Covid-19 para aquele país.

Os professores, agredidos na cidade de Baucau, encontram-se agora na capital timorense e já pediram ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português o repatriamento urgente.

De acordo com o Público, um timorense entrou na casa dos professores e agrediu uma professora no sábado e foram também atiradas pedras à habitação onde viviam. Há ainda relatos de agressões verbais, com os portugueses a serem apelidados de “coronas” nas ruas.

No mesmo dia, os professores saíram de Baucau por ordem da embaixada de Portugal na ilha, e, pelas 4h da madrugada de domingo, chegaram ao hotel onde se encontram desde então, em Díli. Apesar de nenhum dos professores estar ferido, todos eles se encontram muito apreensivos com a situação.

Os 12 professores, que chegaram a Timor a 28 de fevereiro, fazem parte de um grupo de 140 docentes portugueses que dão aulas no país, ao abrigo de um protocolo entre os Governos dos dois países.

O filho de uma das professores disse ao diário que, em Díli, “foram colocados num hotel, sendo que hoje lhes disseram que a embaixada não tinha dinheiro para suportar o custo e que poderiam ficar num resort por conta própria, pagando as despesas de 800 dólares mensais para duas pessoas. Os professores protestaram e foi-lhes dada a hipótese de serem colocados num convento, tendo-lhe sido transmitido que a hipótese de repatriamento não estava em cima da mesa”.

Uma parte dos docentes optou por ir para o convento assim que lhes seja possível, enquanto outros optaram por ficarem em hotéis na capital timorense.

“A única coisa que eles pedem é para serem repatriados rapidamente, porque temem que aconteçam atos mais graves”, acrescentou o filho da docente, adiantado que os professores têm receio da contaminação pelo novo coronavírus, devido ao “débil sistema de saúde” de Timor-Leste.

Questionado pelo Público, o Ministério dos Negócios Estrangeiros diz estar a acompanhar a situação “desde a primeira hora”, através da embaixada em Díli e dos serviços centrais em Lisboa, em articulação com Ministério da Educação.

“Foi aliás por essa via [embaixada] que nos chegou informação sobre o caso mencionado, de agressões a professores portugueses em Baucau. Tratou-se de um episódio pontual, que aparentemente se deveu a notícias falsas e rumores que circularam esta semana, que tentaram relacionar o primeiro caso confirmado de Covid-19 em Timor-Leste com outro caso suspeito em Baucau”, refere.

“Entretanto, e por indicação da nossa embaixada em Díli, os professores destacados em Baucau viajaram para Díli, onde já se encontram. As condições de segurança dos professores e outros cooperantes portugueses em Timor-Leste estão a ser analisadas, assim como a evolução da situação em termos de saúde pública e de funcionamento do sistema educativo nesse país, para ajuizar da necessidade e possibilidade de operações de apoio ao regresso a Portugal”, rematou o MNE.

ZAP //

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