Desde a abertura da restauração, só 39% dos portugueses optaram por fazer refeições fora de casa. Quase metade dos inquiridos admite ter medo de contágio.
Um mês depois da reabertura da restauração, encerrada ao público durante o estado de emergência, quase 50% dos portugueses continuam a evitar fazer refeições fora de casa por medo da doença e por questões económicas, revela o último barómetro da Intercampus, publicado esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios.
Desde que o Governo deu luz verde à reabertura da restauração, só 39% dos inquiridos optaram por fazer refeições fora de casa. A esmagadora maioria, 60%, ainda não voltou.
A percentagem de portugueses que pretende voltar em breve aos restaurantes ascende a 48%, mas mais de 41% dos inquiridos não prevê fazê-lo. O barómetro revela ainda que 10,7% não sabem ou não respondem.
Para justificar a decisão, quase metade dos inquiridos (48%) invoca o medo de contágio, enquanto 44% admitem que não pretendem comer fora por razões económicas.
Os homens são mais propensos a regressar com regularidade à restauração (56%), mas o valor desce ligeiramente junto das mulheres, para 46%. Por outro lado, os adultos com idades entre os 35 e os 54 anos estão mais preparados para voltar a este hábito, enquanto que os mais vulneráveis devido à idade (a partir dos 55 anos) estão menos disponíveis para o fazer.
Ao nível regional, metade dos inquiridos (50%) que residem no Algarve frequentaram a restauração após o desconfinamento, um valor que compara com 44% da região de Lisboa. Já na região Centro, apenas 34,7% voltaram a frequentar um restaurante.
Coronavírus / Covid-19
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Ser-se pessimista é fácil em tempos de crise, mas pensando bem não há grandes motivos para acreditar na retoma em massa dos turismos, restauração e afins. Primeiro, as restrições climáticas, mais ano menos ano, vão por fim às dezenas de milhar de aviões que cruzam os céus em todas as direções cheios de gente de terceira idade ou próxima dela, que são os que usufruem de reformas condignas, provenientes da época já passada do Estado Social, que vigorou na Europa e que se pensava nunca acabaria. Foi uma época de ouro os quarenta ou cinquenta anos que se seguiram ao pós-guerra, com significativos aumentos salariais todos os anos e outros direitos “inalienáveis”. Agora o trabalho é precário, os salários são baixos, as reformas também e essa geração privilegiada e inconsciente, que consumiu e poluiu como se não houvesse limites, estragou o meio ambiente, cuja fatura é agora endereçada aos mais novos, que terão de viver com muito pouco, porque os bens disponíveis serão cada vez menos. Os restaurantes vão dando lugar aos “comes e bebes” de centro comercial, aos pequenos estabelecimentos de coisas simples, baratas e repetitivas, adaptadas ao poder de compra dos mais jovens.
Por outro lado, pensava-se que a globalização, a internet, a automação e a inteligência artificial iriam trazer mais riqueza generalizada, isto é, para todos. Pois foi e é exatamente ao contrário. A própria Microsoft anunciou que não renovará os contratos com aproximadamente 50 empresas de notícias que trabalham no portal MSN, indicando que essas posições serão substituídas por Inteligência Artificial. E isto acontece justamente hoje, 30 de junho, em que um número indeterminado de pessoas que não trabalham a tempo inteiro será dispensado.
Finalmente as doenças provenientes ou que surgirão com o aumento da temperatura global e aquelas, como as viroses, que resultam da destruição dos habitats naturais de virus, também aí estarão para dar a sua “ajudazinha” na algo apocalíptica mudança em curso.
Creio que a bandeira dos mais novos deve ser a de exigir que se refaça e reponha o meio ambiente onde isso ainda for possível, começando naturalmente por mudar o paradigma de consumo, o que já está a acontecer.