Miguel Poiares Maduro considera que geringonça criou uma bipolarização no país. O ex-ministro de Pedro Passos Coelho responsabiliza o primeiro-ministro caso haja uma crise política em Portugal.
Numa entrevista ao Diário de Notícias, o jurista refere que António Costa “sempre fechou a porta ao regresso de uma política em Portugal focada e ancorada no centro”.
“Se tivermos crise política a responsabilidade é do primeiro-ministro. Não é apenas dos parceiros que lhe foram dando apoio político”, afirmou Poiares Maduro, justificando que foi o chefe do Executivo que “criou as condições para depender desses dois partidos radicais e extremistas”, em referência ao Bloco de Esquerda e ao PCP.
Na sua perspetiva, o agora professor universitário, a coligação do Governo PS com bloquistas e comunistas criou “uma bipolarização em Portugal que a tornou dependente num quadro político fragmentado dos extremos políticos”.
Relativamente à proposta de orçamento apresentada pelo Executivo, Poiares Maduro considera que esta não corresponde às necessidades atuais do país. “Já fui bastante crítico do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) (…) Devíamos ter um orçamento que em si mesmo, independentemente dos fundos, seja mais equilibrado (…) O nosso OE hoje é um orçamento de ficção (…) O governo está a usá-lo como propaganda política e como moeda de transação com os parceiros”.
Rio não “passa mensagem diferenciadora”
Por outro lado, e numa análise ao papel da oposição no contexto político atual, Poiares Maduro faz duras críticas a Rui Rio, líder do PSD.
O jurista considera que o social-democrata não conseguiu “articular explicitamente uma mensagem muito clara, diferenciadora, do PSD”, especificando que esta mensagem devia ser passada com a “recusa de qualquer dependência de um futuro governo do PSD de um partido radical como o Chega”.
“Era o PSD que assumia o espaço político moderado, o risco de não ir para o poder mesmo se isso implicasse uma coligação com um partido radical. Se nós fôssemos para o poder com um partido radical, como estes últimos anos têm demonstrado, seria estar no poder pelo poder, porque não conseguiríamos ter uma agenda reformista. A capacidade de governar fica dependente, condicionada à vontade desses partidos radicais”, afirma.
Embora reconheça semelhanças entre o Chega, o PCP e o BE – uma vez que os três defendem “um Estado muito forte” -, considera que “são radicais de forma diferente”.
Relativamente ao Chega, Poiares Maduro diz que este é um partido de tendências xenófobas. “Eles vão dizer que não dizem nem formulam explicitamente nenhuma política racista e xenófoba, mas a sua mensagem política procura cativar pessoas que têm esse tipo de abordagem e muitas vezes amplifica esses preconceitos”.
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Gerir um país e ter equilibro politico dá cá uma trabalheira….estes políticos tem cá uma cabeçola para aturar tudo o que lhes passa pela frente.