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“Contágio”. Ministro britânico revela que plano de vacinação foi inspirado (em parte) num filme

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O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock

O ministro de saúde do Reino Unido, Matt Hancock, revelou que parte da sua decisão de comprar um grande suprimento de vacinas – e antes do que muitos outros países – foi porque viu como as coisas funcionaram para Matt Damon, Kate Winslet, e Bryan Cranston no filme de 2011 “Contágio”.

Enquanto as vacinas ainda estavam em fase de desenvolvimento e teste, os Governos em todo o mundo estavam numa corrida para comprar suprimentos. No geral, os Estados Unidos e a União Europeia (UE) compraram mais – 1,2 mil milhões de doses e 1,6 mil milhões, respetivamente.

Porém, o Reino Unido e o Canadá têm a maioria per capita, com o Canadá a ter 9,6 doses por pessoa e o Reino Unido 5,5, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

Assim, o Reino Unido está entre os três principais países com o maior número de vacinas encomendadas por pessoa – e os britânicos podem agradecer ao filme de 2011 “Contágio”.

Numa entrevista à estação de rádio LBC, Matt Hancock, ministro de saúde do Reino Unido, revelou que parte da sua decisão de comprar um grande suprimento de vacinas antes do que muitos outros países foi influenciado pelo filme “Contágio”.

O filme fala sobre uma pandemia causada por um vírus zoonótico – parcialmente inspirado no surto de SARS de 2002 a 2004 – disseminado por gotículas respiratórias e objetos contaminados. Eventualmente, após charlatães venderem as suas próprias curas, os cientistas no filme são capazes de criar uma vacina para a doença.

Neste ponto, com a oferta baixa, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças fornecem as vacinas num sorteio com base na data de nascimento.

Nos primeiros dias da pandemia de covid-19, Hancock aparentemente lembrava constantemente a sua equipa sobre a lotaria de vacinas na conclusão do filme.

“Ele continuava a referir-se ao final do filme”, ​​disse um ex-assessor do departamento, em declarações ao jornal britânico Sky News. “Ele sempre esteve muito ciente desde o início, primeiro que a vacina era realmente importante, depois que, quando uma vacina fosse desenvolvida, veríamos uma luta global todo-poderosa.”

Hancock foi informado por conselheiros que deveria receber 30 milhões de doses da vacina AstraZeneca, mas acabou por optar por comprar 100 milhões de doses.

Questionado sobre se isso se devia ao que aprendeu com o filme, o ministro de saúde respondeu: “No filme, mostra-se que o momento de maior stresse em torno do programa de vacinas não é antes de ser lançado, quando há cientistas e fabricantes a trabalhar juntos em ritmo. É depois quando há uma grande discussão sobre a ordem de prioridade”.

“Portanto, não só neste país insisti que pedíssemos o suficiente para cada adulto receber as suas duas doses, mas também pedimos esse conselho clínico sobre a priorização muito cedo e divulgá-lo publicamente, acho que pela primeira vez em agosto ou setembro para que não houvesse grande discussão sobre a ordem de prioridade”, explicou.

“Não diria que o filme é minha principal fonte de conselhos sobre isso”, disse Hancock. “Mas o que posso dizer é que sabia quando a vacina era boa e sempre tive fé que seria, que a procura seria enorme e precisaríamos de estar prontos para vacinar todos os adultos do país e não me ia contentar com menos”.

Resta saber se a corrida às vacinas é o melhor método para acabar com a pandemia, embora os epidemiologistas tenham alertado repetidamente que permitir que o vírus se espalhe noutras partes do mundo enquanto os países mais ricos vacinam apenas fará com que a doença sofra mutações, prolongando ainda mais a pandemia.

“Uma pandemia global requer nada menos do que um esforço mundial para acabar com ela”, alertaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UE, em comunicado conjunto. “Nenhum de nós estará seguro até que todos estejam seguros. O acesso global a vacinas, testes e tratamentos para todos que precisam deles, em qualquer lugar, é a única saída.”

Maria Campos, ZAP //

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