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DGS admitiu um milhão de infetados em Portugal, mas agora nega esse cenário

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José Sena Goulão / Lusa

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admite que poderá haver um milhão de portugueses infetados pelo Covid-19, 21.000 na semana mais crítica, assegurando que as autoridades de saúde estão a preparar-se para esta possibilidade.

“Estamos a fazer cenários para uma taxa total de ataque de 10% [um milhão de portugueses] e assumindo que vai haver uma propagação epidémica mais intensa durante, pelo menos, 12 a 14 semanas”, afirmou Graça Freitas, em entrevista ao semanário Expresso, publicada este sábado.

A diretora-geral da Saúde explicou que os estudos realizados estimam que 80% do total de infetados pelo novo coronavírus “vão ter doença ligeira a moderada”, 20% terão “doença mais grave” e apenas 5% uma “evolução crítica”. Neste cenário, a taxa de mortalidade “será à volta de 2,3% e 2,4%”.

A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) acrescentou que “no cenário mais plausível” poderá haver “cerca de 21.000 casos na semana mais crítica”, dos quais 19.000 poderão ter sintomas ligeiros, “como a gripe”, e 1.700 terão “de ser internados, nem todos em cuidados intensivos”.

Graça Freitas afastou este sábado a hipótese de o novo coronavírus vir a infetar um milhão de portugueses, já que os dados que existem neste momento vindos da China são “mais favoráveis”. “Afasto completamente. Já vamos no quarto cenário e os dados são cada vez mais favoráveis e o grau de incerteza é cada vez menor”, afirmou Graça Freitas em conferência de imprensa.

Graça Freitas esclareceu que “um cenário não é uma previsão” e que as autoridades de saúde de Portugal construíram esta previsão tendo por base a fórmula usada para a pandemia da Gripe A, em 2009.

“Estamos a trabalhar com cenários para a taxa de ataque da doença, como fizemos com a pandemia de gripe, em 2009. Na altura, pensávamos que podia ter uma taxa total de ataque de 10%: um milhão de pessoas doentes ao longo de 12 semanas, mas não todas graves. Mas, afinal, foram 7%, cerca de 700 mil pessoas no total da época gripal 2009/10”, explicitou, adiantando que “uma epidemia depende da taxa de ataque, da duração e da gravidade”. Contudo, no caso do Covid-19, ainda não se sabe tudo para “fazer cenários tão bem feitos”.

Graça Freitas realçou que o plano para responder à propagação do novo coronavírus em Portugal prevê a disponibilização de 2.000 camas em hospitais e 300 quartos com pressão negativa. Se a doença progredir haverá “isolamento por quartos e por enfermaria”, por exemplo, para “todas as pessoas que adoeceram no mesmo dia”, referiu.

A diretora-geral da Saúde afirmou também que “as notícias falsas e as redes sociais” são “um grande problema” associado ao surto do novo coronavírus. “O maior medo que tenho é do comportamento humano, de informações virais [na Internet] que podem ser contraproducentes”, sustentou Graça Freitas, acrescentando que o Covid-19 difere de outros surtos por ser “uma epidemia online e um vírus” sobre o qual não se sabe tudo.

A responsável da DGS considera ainda que, dependendo da disseminação do Covid-19 em Portugal, poderá ser decretada a quarentena obrigatória.

Por outro lado, de acordo com o jornal Público, que questionou o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o Governo ainda não sabe como vão ser pagas as faltas ao trabalho em caso de quarentena.

Em Portugal, ainda não há infetados. O primeiro caso suspeito de infeção por coronavírus no arquipélago, detetado na ilha Terceira, teve resultado negativo. Nas últimas 24 horas foram registados 7 novos casos suspeitos de infecção. Foram apurados 59 casos suspeitos desde o início do surto, sendo que 57 foram dados como negativo. Falta apurar o resultado de dois casos suspeitos.

Já há três casos de infeção nos Estados Unidos

As autoridades de saúde do estado norte-americano do Oregon anunciaram na sexta-feira que uma pessoa contraiu o novo coronavírus de uma fonte desconhecida, o terceiro caso do género nos Estados Unidos.

A paciente, que não viajou recentemente e não terá estabelecido contacto com uma pessoa infetada, foi internada em isolamento. A mulher reside no condado de Washington, perto de Portland. Dois outros casos semelhantes de contaminação de origem indeterminada foram identificados esta semana no norte da Califórnia, estado vizinho do Oregon.

Já Macau vai isolar, por duas semanas, as pessoas que entrem no território e tenham estado em Itália ou no Irão 14 dias antes. A medida entrou em vigor às 12h e destina-se a reforçar a prevenção. Até ao momento, Macau registou dez infeções com o novo coronavírus, sendo que apenas dois doentes continuam ainda internados.

A Coreia do Sul anunciou mais três mortes e 594 novos casos de contaminação pelo coronavírus Covid-19, o maior aumento diário até agora, que eleva o número total de infetados para 2.931.

A China registou mais 47 mortes causadas pelo coronavírus Covid-19, elevando o total para 2.835 desde o início da epidemia, e identificou ainda 427 novos casos.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Andamos a preparar o terreno para a incompetência….
    Ainda não há infetados em Portugal, confirmados, porque continuam a poupar dinheiro e a testar só quem chega da China ou do norte de Itália. Se testassem todos os casos com sintomas compatíveis iam ficar surpreendidos, tal como ficaram os italianos! Tal como diz a Diretora da DGS o vírus é democrático, pode atacar qualquer pessoa, só se esquece é que não são só as pessoas qur vêm de áreas afetadas, pode ser literalmente qualquer pessoa, basta ser contanimada por outra, e não necessariamente numa das áreas afetadas.

  2. Andamos a brincar aos cenários?
    Se bem que um cenário não é, sequer, uma previsão ou estimativa, tudo o que se disser, agora, sem conhecimento provável da evolução da geografia do vírus, função das entradas e saídas de e para países já bastante contaminados. é pura adivinhação.
    O que compete à DGS é tomar medidas atinentes a uma “defesa” adequada.

  3. A prevenção activa e a profilaxia alargada (a todos os viajantes em particular) em termos clínicos, são medidas que custam caro !!!!…. portanto imaginar cenários, fazer estimativas de eventuais casos, informar e desinformar, fica muito mais barato !…. Quero ver a cara destas e estes Governantes se acontecer o pior por falta de acção !

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