Só houve tempo para as pedras da calçada e selfies. Marcelo cancela declaração por “falta de agenda”

Julien Warnand / EPA

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa marcou uma conferência de imprensa surpresa para as 14 horas desta sexta-feira, mas acabou a desmarcá-la por “falta de agenda”. Apesar disso, apareceu em frente ao Palácio de Belém a tirar selfies e a ajeitar as pedras da calçada, sublinhando aos jornalistas que “tudo o que disse há quinze dias se mantém”.

Foi por volta das 13:30 horas que surgiu a notícia do cancelamento da conferência de imprensa do Presidente da República que devia ter ocorrido pelas 14 horas de hoje. Uma segunda surpresa motivada por “falta de agenda”, conforme a nota da Presidência.

Depois disso, Marcelo Rebelo de Sousa apareceu a conduzir, estacionou e passeou pela calçada junto ao Palácio de Belém, aproveitando para ajeitar umas pedras que estavam fora do sítio, deixando um buraco no caminho.

O Presidente ainda tirou umas selfies e acabou por falar aos jornalistas no trajecto a pé entre a entrada principal do Palácio de Belém, na Praça do Império, e a entrada lateral, que fica na Calçada da Ajuda, antes do início de uma reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional.

Agora, há quem pergunte “qual o significado de o Presidente da República estar a pôr as pedras da calçada no sítio?” Há quem responda que são “indirectas” à Junta de Freguesia de Belém por causa dos buracos na calçada…

Marcelo diz que não mudou de posição

Aos jornalistas, Marcelo explicou que “o que queria dizer é que tudo o que disse há quinze dias se mantém, exactamente nos termos em que disse”.

“E se houver necessidade de eu me pronunciar outra vez sobre esta matéria, e todas as matérias do país, faço-o eu”, declarou ainda. “Não tenho porta-vozes”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que não mudou de opinião sobre a conjuntura política desde a sua comunicação ao país a 4 de Maio passado. “Não mudei um milímetro. Acompanho o que se passa, atentamente, como todos os portugueses, na economia, na política, na sociedade portuguesa”, sublinhou.

O chefe de Estado referiu estar a acompanhar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, mas recusou fazer qualquer comentário sobre as matérias que estão a ser tratadas pelos deputados.

“Quando entender que me devo pronunciar, pronunciar-me-ei. Neste momento, entendo que não me devo pronunciar“, frisou.

Uma declaração que surge no dia em que se noticia que Marcelo não segura o Governo se Galamba cair.

O Expresso noticiou, citando fonte próxima do chefe de Estado, que “a falta de alternativa política ao Governo deixou de ser prioridade nos cálculos do Presidente da República” para uma eventual dissolução do Parlamento.

O “prestígio das instituições ganha primazia”, de acordo com a mesma fonte.

“Não fiz nenhuma declaração sobre a matéria”, destaca Marcelo depois de interrogado directamente sobre esta notícia.

“Quando for necessário, se for necessário, e nos termos em que eu entendo necessários, eu faço uma declaração. Portanto, não há neste momento se não os portugueses saberem que eu estou a acompanhar atentamente o que se passa“, reforçou o Presidente da República.

“Não há ideias que passem em Belém que não sejam as que passam pela minha cabeça, e só eu falo pela Presidência da República“, acrescentou sobre a ideia de que o futuro do Governo está ligado ao de João Galamba.

“Não há porta-vozes. O único porta-voz da Presidência da República sou eu“, concluiu.

Susana Valente, ZAP // Lusa

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