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PCP de volta às negociações. Bloco rejeita bluff e exige mais reuniões com Costa

António Pedro Santos / Lusa

Ameaçou, mas não caiu. O PCP ainda está vivo e oficialmente de volta à mesa das negociações. A comitiva do Bloco de Esquerda esteve esta terça-feira reunida com o primeiro-ministro, em São Bento.

No final de agosto, os comunistas ameaçaram não marcar presença nas reuniões com António Costa sobre o Orçamento do Estado, mas agora estão de volta à mesa das negociações, com um encontro marcado para esta quarta-feira. Já a comitiva do Bloco encontrou-se com o primeiro-ministro nesta terça-feira e deixou um aviso: são precisas mais reuniões com António Costa presente.

Ao que apurou o Observador, Catarina Martins avisou o governante de que são necessárias mais reuniões para que seja possível alcançar um acordo e saiu da reunião desta terça-feira com uma marcada já para o próximo fim de semana. Nessa altura, faltará apenas uma semana para a entrega do OE2021 na Assembleia da República.

Para já, o clima é de turbulência e as negociações “não estão fáceis”. Fonte do partido garantiu ao diário que “não é spin, nem bluff” e que as negociações com o Governo são todas “inconclusivas”.

A mesma fonte referiu que, depois de várias reuniões, a sensação que ficou na equipa negocial do BE é que “há pouca abertura para debater o que é permanente [contratações, por exemplo] e que há mais abertura para as questões extraordinárias, em que o Governo está a tentar adequar as medidas [como o investimento nos equipamentos da saúde] aos fundos comunitários”.

Neste processo, o Governo tem adotado uma “dramatização teatral” e tem tido “duas caras”. Se publicamente “ameaça com a crise política”, nas reuniões com os partidos “não avança com respostas ou as que dá são insuficientes”.

No final de agosto, o PCP alegou razões de agenda para desmarcar a reunião com António Costa, mas volta esta quarta-feira à mesa das negociações, disposto a “melhorar” o Orçamento do Estado.

Os comunistas têm mantido o silêncio e o Governo pouco sabe sobre as pretensões do partido para este OE2021. São esperados mais avanços e passos em frente na reunião agendada para esta quarta-feira.

Já o Bloco de Esquerda estabeleceu linhas vermelhas, entre elas o facto de não concordar com a solução de financiar o Fundo de Resolução através da banca, uma vez que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está entre os grandes contribuidores e isso acaba por manter a ligação entre o banco e o bolso dos contribuintes, ainda que de forma indireta.

O partido de Catarina Martins exige uma auditoria independente, uma reformulação do Fundo de Resolução e que o Estado abra negociações com a Lone Star para reforçar a sua posição acionista. Mas o Governo não respondeu.

O Novo Banco é um tema sensível neste impasse negocial: o BE não aceita que o Estado injete nem mais um cêntimo no Novo Banco e quer uma auditoria pública ao processo de venda. Mas a nova prestação social provisória também não aproxima os parceiros, que não se entendem quanto à condição de recursos – o Governo quer que seja calculada em função do rendimento do agregado familiar e o BE só admite que seja feita com base no rendimento individual.

LM, ZAP //

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