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Passos quer saber défice sem medidas extra. Costa responde “quando diabo chegar”

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Manuel de Almeida / Lusa

O líder do PSD disse esta sexta-feira que o défice de 2016 seria de 3,4%, descontadas as medidas extraordinárias e os cortes no investimento público planeado pelo Governo, e questionou António Costa sobre qual seria o valor sem estas medidas.

Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, contrapôs, primeiro, que o saldo primário melhorou no ano passado 747 milhões de euros em relação à execução orçamental de 2015.

Perante a insistência de Pedro Passos Coelho, na sua intervenção no debate quinzenal no parlamento, de qual seria o valor do défice sem recursos a medidas extraordinárias, António Costa respondeu: “Senhor deputado, terá a resposta quando o diabo cá chegar“, disse, provocando protestos na bancada do PSD.

Num debate muito tenso entre o primeiro-ministro e o líder da oposição, Passos Coelho voltou a acusar o Governo de viver num mundo de “fantasias e faz de conta”, nomeadamente no que diz respeito ao valor do défice de 2016, que António Costa já disse que não será superior a 2,3%.

“Se tivermos em conta que o Governo cortou qualquer coisa como 956 milhões de euros ao investimento que tinha planeado, (…) se contarmos com os 500 milhões de euros de encaixe extraordinário do Peres [programa extraordinário de regularização de dívidas], se contarmos com a reavaliação de ativos extraordinária de 125 milhões de euros, se contarmos com as cativações definitivas de 445 milhões de euros, somos levados, por uma conta simples, a considerar que o défice estaria em 3,4% do Produto Interno Bruto“, detalhou Passos Coelho.

Na resposta, o primeiro-ministro acusou o líder do PSD de “azedume relativamente ao sucesso do país” e de ter aderido “à nova doutrina dos factos alternativos“, numa referência a uma expressão utilizada pelo gabinete do novo presidente norte-americano Donald Trump.

Quando o crescimento aumenta, afinal diminui, quando o desemprego desce, afinal sobe”, criticou.

António Costa salientou que o Governo conseguirá ter o défice mais baixo dos últimos 42 anos “repondo salários, pensões, baixando a carga fiscal”. “Não só tivemos melhores resultados, tivemos melhores resultados com uma política diferente da sua”, acrescentou o primeiro-ministro.

“Quando precisar do PSD, primeiro peça”

Passos Coelho e António Costa divergiram também em matéria de crescimento, com o líder da oposição a salientar que o atual Governo beneficiou da dinâmica da economia em 2015 – quando PSD e CDS-PP eram Governo -, ao que o primeiro-ministro respondeu com a desaceleração da economia no segundo semestre de 2015.

Ao longo do debate entre os dois, o presidente do PSD foi insistindo com o primeiro-ministro para que respondesse à pergunta sobre o valor do défice de 2016 corrigido de medidas extraordinárias, levando o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, a intervir, dizendo que “há conclusões políticas a tirar quer da resposta quer da não resposta“.

“Tenho a certeza que o senhor primeiro-ministro não precisa da sua ajuda para mostrar a sua ignorância, não responde porque não sabe”, acusou Passos Coelho, dizendo que o resultado de 2016 se deve a cortes em áreas como a saúde ou educação.

O líder do PSD acusou ainda António Costa de “rebaixar o debate” e lamentou que o primeiro-ministro não tenha estado presente no debate das apreciações parlamentares de BE e PCP sobre a eliminação da Taxa Social Única (TSU), que o PSD votou favoravelmente.

“Conte mesmo que o PSD está na oposição e não está na oposição nem para fazer a vida fácil ao Governo, nem para substituir o PCP e o BE quando lhe falharem. Quando precisar do PSD para negociar alguma coisa importante primeiro peça“, disse Passos Coelho, numa intervenção aplaudida de pé pela sua bancada.

Na resposta, Costa acusou Passos Coelho de “ficar zangado com tudo o que corre bem ao país”.

“A alegria que dá à sua bancada é o desgosto que dá a todos os trabalhadores portugueses que vão beneficiar de aumento do Salário Mínimo Nacional”, disse o primeiro-ministro.

António Costa fez ainda questão de dizer que a Escola Alexandre Herculano, que fechou portas no Porto depois de chover em algumas salas, tinha necessidade de obras que, segundo o primeiro-ministro, deveriam ter sido feitas pelo Governo anterior.

ZAP // Lusa

16 Comments

    • Sou apartidário. Concordo que o Passos ganhou sem margem para dúvida. Mas lamento constatar que por um lado, o Primeiro Ministro se comporta como um criança, e por outro, o PSD está a seguir o exemplo da esquerda e a dizer uma coisa quando está no governo e outra quando está na oposição. Foi o Passos que em primeira instância tentou baixar a TSU quando estava no governo.
      Mas quem tem culpa é o povo, por premiar este tipo de comportamento.

      • É verdade. O primeiro-ministro portou-se como uma criancinha e o que está em jogo uma vez mais é o nosso dinheiro.

  1. Andei descontando anos a fio para pagar vencimentos de pessoas (ditas qualificadas) que dao respostas destas num parlamento. E ainda por cima primeiro ministro!!!!!

  2. Pois, não há por aí um ditado que diz que quem não deve não teme?
    Quando as coisas estão bem feitas, gostamos de as mostrar bem, já quando preferimos escondê-las…não é nada bom sinal…

  3. Será que no psd náo há mais ninguém capaz de substituir o actual demagogo, ( P C ) que nem para fazer uma oposiçáo credível serve? Já chega de tacho, é tempo de ir trabalhar e produzir algo de produtivo para o País.

      • É uma questão de ponto de vista. Para mim acho que foi uma resposta à altura. Alguém que está alinhado só para atrapalhar não merece qualquer tipo de consideração. Alguém que nos mentiu descaradamente. Deixou-nos pior ainda do que estávamos. Queria continuar a bater na mesma tecla. Ficou adiado porque não o deixaram construir governo. Não quer saber do país. Apenas dele é só dele. E ainda há quem o defenda ?!?

      • O caro Kurare deve ter amnésia e esquecer-se de como o país estava. O anterior governo não fez o queria, fez o que tinha de fazer.

      • Tal como disse, é uma questão de ponto de vista. Acredita mesmo que o governo anterior fez “o que podia” ? Quem é que, afinal, não tem andado a tomar a medicação ? Tanto sacrifício para estarmos ainda pior ? Quando temos um líder do PSD que virou autista e só vê desgraças mesmo quando os números o desmentem (à semelhança dos seus fãs – e depois criticam os fãs cegos do Sócrates)! Vocês são bons a escolher: se for bom, foi o Passos (nem que tenha sido à 20 ou 30 anos) se for mau, foi este governo. Eu estou melhor! Sem dúvida melhor! Pelo menos os sacrifícios estão agora mais “suportáveis”.

  4. Subscrevo genericamente o que disse o “Kurare”, no entanto, penso que a resposta de A. Costa podia ter sido melhor. Sobretudo não “explorou” um conjunto de argumentos válidos, como o verdadeiro “barrete” da ” saída limpa”, uma autêntica e falaciosa vergonha, o lixo “debaixo do tapete” que Maria Luis foi adiando, como o Banif, o fim da sobretaxa anunciada pomposamente, e que depois foi baixando á medida que os meses iam passando, até ser zero (em mais uma descarada mentira). Tudo malabarismos, com o propósito de fechar o ano “cumprindo” o défice acordado.
    Por vezes tenho a sensação que Passos Coelho vive noutro país, têm problemas de amnésia ou convive mal com a verdade, como num outro episódio recente, a TSU. Como é que alguém que no seu governo, propôs reduzir a TSU em 4% para as empresas (e agravar para os empregados essa contribuição de 11,5% para 18%), se mostra agora tão indignado com a redução de 1% ? É surreal (embora ache que foi também para contrariar o presidente).
    Em suma, é precisamente como diz o “Politicos”. Tudo isto é o jogo da politiquice, tudo o resto ( nós e o País) interessa-lhes pouco.

  5. Vou dar a minha opinião, que não passa disso, uma opinião, mesmo que errada, e espero que não venha nenhuma besta iluminada passar-me um atestado de burrice, como tem sido normal.
    Senhor Doutor Pedro Passos Coelho, deixe-se de criancices e proceda como um adulto, o sr. fez o que fez enquanto foi governo e o povo retirou-lhe, a si e à coligação que representava, o poder de continuar a fazer o que o povo considerou de mal, foi a paga que teve. Assim, critique sim quando as coisas acontecerem, não por sua suposição antecipada tentando desestabilizar o pouco que este governo tem de estável. Trate de guardar essa infantilidade para os seus e deixe de atazanar o juízo aos portugueses com influenciação patética das mentes alheias.

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