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Partidos pedem “reabertura faseada” e com “equilíbrio”

Tiago Petinga / Lusa

O novo líder do CDS/PP, Francisco Rodrigues dos Santos

Depois da reunião com epidemiologistas na sede do Infarmed, o primeiro-ministro e os representantes dos partidos falaram aos jornalistas.

Devemos ser sempre prudentes, progressivos e ir medindo sempre as consequências das decisões para não corrermos riscos. Temos simultaneamente de criar condições de confiança na sociedade e condições para que, com responsabilidade, se possa decidir reabrirem os restaurantes, o comércio de bairro ou as grandes superfícies”.

António Costa procurou destacar a importância do fator confiança social no processo de reabertura, alegando que até se pode decidir que os restaurantes reabram, mas, depois, “se as pessoas não tiverem confiança, também não vão aos restaurantes”.

“Portugal não tem tido o mesmo grau de restrição que outros países e, no que respeita à indústria, com exceção de Ovar, não foram impostas nenhumas restrições ao funcionamento de unidades industriais, para além da necessidade de terem de cumprir as normas de segurança e de afastamento social. Muitas paralisaram a sua atividade, ou porque tinha sido interrompida a cadeia de fornecimento, ou porque se registou um colapso da procura”, alegou. Neste ponto, o primeiro-ministro salientou que a eliminação das restrições “terá de ser feita de um modo gradual e progressivo“.

PS quer deixar “mensagem de esperança”

Aos jornalistas, José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, considerou que “tem valido a pena o esforço que toda a sociedade portuguesa tem vindo a fazer” e, por isso, quis deixar uma “mensagem de esperança”, cita o jornal Público.

“Os dados que hoje foram conhecidos permitem perspetivar que uma conjugação de variáveis, medidas de controlo e segurança na saúde pública, será possível – expectável durante o mês de maio – retomar de forma gradual algumas atividades sociais e económicas”, afirmou.

O socialista considerou que “a manutenção do estado de emergência é condição essencial para garantir que no final de abril sejam dados sólidos e podermos regressar, de forma gradual, tão normal quanto possível”.

PSD quer “reabertura faseada”, mas sem passos em falso

Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, disse achar importante que se comece a retirar algumas restrições, mas sempre “de forma faseada para não ter de se voltar a uma situação de restrição”.

“É muito importante para nós no PSD que se faça de forma faseada, o mais depressa possível, mas sem comprometer todos os princípios da saúde pública de precaução, para garantir que não damos uma passo em falso e, ao abrir excessivamente, não temos de regressar todos a uma situação de restrição”, alertou.

Questionado sobre a renovação do estado de emergência, o deputado considerou que “estar a falar do que acontece em maio a 15 de abril é muito prematuro”. Porém, “o estado de emergência como está faz sentido, se o próximo for decretado pelo Presidente da República não será pelo PSD que haverá entraves“, assegurou.

O social-democrata saudou também a decisão do Governo, que, a partir de amanhã, vai dar acesso público a todos os dados sobre a doença.

O deputado abordou também a questão dos lares de idosos, afirmando que ficou claro, na reunião de hoje, que “a responsabilidade primeira é das autarquias”.

“O Governo deixou isto muito claro aqui hoje, eu creio que é uma mensagem que é importante reforçar, porque há cerca de cem mil pessoas a residir em lares e todos temos de estar coordenados e unidos neste combate”, apontou.

PCP preocupado com “problemas sociais”

Jorge Pires, da comissão política do PCP, citou os resultados de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, apresentado na reunião no Infarmed, que revelam que há muitos portugueses que começam a ter problemas – 80% vivem angustiados e 63% receiam perder os seus empregos.

“A verdade é que muitos já perderam rendimentos”, disse o comunista aos jornalistas, sublinhando que são necessárias “respostas mais céleres”.

O dirigente comunista afirmou ainda que o PCP “rejeita qualquer medida de controle que ponha em causa as liberdades individuais, de acordo com o que a Constituição consagra”, defendendo que é preciso serem garantidas as condições de segurança aos trabalhadores quando regressarem ao trabalho.

BE diz que é “inaceitável” que EDP distribua dividendos

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou “inaceitável que a EDP se prepare para distribuir dividendos de quase 700 milhões de euros que pagavam dez anos de tarifa social”.

A bloquista lembrou ainda que, na semana passada, o alargamento da medida da tarifa social para famílias com quebra de rendimentos por causa da covid-19 foi chumbada no Parlamento.

Catarina Martins defendeu ainda que os hospitais e clínicas que estão fechados deviam ser abertos por requisição para dar apoio aos lares, cita o mesmo diário.

PEV apelou a “um reforço no SNS”

Mariana Silva, do Partido Ecologista os Verdes (PEV), começou por elogiar o “comportamento exemplar dos portugueses” para travar os efeitos da pandemia e juntou também “uma palavra para quem está na linha da frente”, nos cuidados de saúde.

Para Os Verdes, é “importante que o vírus não se propague”, que “seja essencial o tratamento dos doentes, reforçando o Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A deputada apelou também para que “os direitos dos trabalhadores não sejam atropelados” e prometeu que esta é igualmente “uma altura de denuncia” e de “medidas que possam por em causa os trabalhadores e os seus rendimentos”.

Para Mariana Silva, “é necessário prevenir e que todos os trabalhadores tenham condições e materiais nos seus locais de trabalho” se e quando forem voltando ao trabalho, dando ainda o exemplo das escolas.

PAN exige “planos de contingência”

O porta-voz do PAN, André Silva, relembrou algumas exigências para que o país regresse à normalidade “daqui a uns dias”.

Para a implementação de “medidas de alívio”, o deputado lembrou que são necessários alguns requisitos, a começar pela elaboração de “planos de contingência” em todas as empresas para que, “quando confrontados com novos surtos ou novos contágios porque eles irão existir, se possa de uma forma muito eficaz controlar, isolar e ir atrás da cadeia de transmissão”, e não aconteça o mesmo que nos lares de idosos.

“Outro aspeto que é preciso garantir é um sistema de vigilância eficaz, robusto, para de facto identificar novos casos e cadeias de contagio que possam surgir”, continuou o deputado, sublinhando a importância de “materializar” e “sair do abstrato” para que a DGS e o Governo concretizem “em cada instituição, em cada município o que é que, como é que se vão coordenar todos estes meios humanos para o efeito”.

Por fim, o PAN classificou como “aspeto fundamental” para o regresso à normalidade a existência de materiais iniciais de prevenção e de combate à epidemia (tais como máscaras ou gel desinfetante), lembrando a proposta já apresentada de fixação de preços destes materiais e ainda a necessidade de reencaminhar indústrias e unidades de produção para a produção de produtos de proteção individual.

Esta quarta-feira, o partido apresentou também uma proposta de alteração ao diploma do Governo sobre a notificação postal, para garantir a gratuitidade da entrega de encomendas de farmácia ou produtos ortopédicos a idosos ou pessoas infetadas com o coronavírus.

CDS defende equilíbrio entre a saúde e a economia

O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu que o “abrandamento nas medidas de contingência possa ser feito o mais brevemente possível”.

Na sua perspetiva, “os riscos de uma paralisação prolongada” da economia “comportam perigos muito significativos do ponto de vista da sobrevivência das empresas e da manutenção dos empregos”, o que considerou ser “um fator negativo e preocupante”.

O centrista salientou que é dever do Executivo “encontrar um equilíbrio, tanto quanto possível, numa equação que coloca de um lado a saúde pública e do outro lado a robustez do tecido empresarial e a manutenção de postos de trabalho”.

“A acontecer, tem de ser necessariamente acompanhada de um conjunto de medidas de saúde pública”, como um aumento generalizado do número de testes efetuados ou a realização de testes serológicos, que avaliam a imunidade ao vírus e são um “instrumento que já devia estar a ser operacionalizado em larga escala em Portugal”.

Ainda no que toca às empresas, insistiu na necessidade de injetar liquidez na economia e fazer um choque de tesouraria nas empresas, alegando que “o Governo tem de começar a pensar num plano de reativamento para a economia, que é urgente”, com “medidas que devolvam confiança aos agentes económicos e protejam os empregos”.

IL “não acha que é antipatriótico fazer oposição”

João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, disse que, ao contrário de outros partidos, “a IL não acha que é antipatriótico fazer oposição”, mas sim que o unanimismo e a falta de escrutínio “é um favor que os partidos não estão a fazer ao combate à pandemia”, cita o jornal Público.

Para voltar ao normal, diz o deputado único do IL, são precisos “três instrumentos” que neste momento não existem. “Precisamos de ter confiança nos dados; um plano de testes como deve ser e de um sistema de rastreio e vigilância para voltar ao normal”.

Chega contra celebração do 25 de Abril no Parlamento

André Ventura, deputado único do Chega, disse que, se esta quarta-feira o Parlamento decidir celebrar o 25 de Abril na Assembleia da República, será um “escândalo”.

“Este não é tempo de festas”, afirmou o deputado, lembrando que todos os portugueses estão confinados nas suas casas. “Então se vierem convidados de fora”, como a Associação 25 de Abril, exemplificou, será ainda mais condenável.

Ventura disse ainda que se absterá nas renovações do estado de emergência sempre que estas contemplem a libertação de reclusos.

Antes das intervenções dos partidos, o Presidente da República também falou aos jornalistas, tendo afirmado que “já se começa a ver a luz ao fundo do túnel” e que “tudo se encaminha para que seja decretado um terceiro estado de emergência“.

Portugal regista 599 mortos associados à covid-19, mais 32 do que na terça-feira, e 18.091 infetados (mais 643), indicou o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

ZAP // Lusa

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