Estudo sugere que as bactérias nas nossas bocas podem causar ataques cardíacos

Uma nova investigação detetou a presença de bactérias orais em mais de 40% das placas arteriais de doentes cardíacos.

As bactérias frequentemente encontradas na boca podem contribuir diretamente para os ataques cardíacos, de acordo com uma nova investigação da Universidade de Tampere, na Finlândia. O estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, fornece algumas das evidências mais sólidas até à data que ligam a saúde oral às doenças cardiovasculares.

Os cientistas examinaram placas arteriais de mais de 200 doentes com doença arterial coronária. As amostras eram provenientes de 121 indivíduos que morreram subitamente e de 96 doentes que foram submetidos a cirurgia para remoção da placa. Utilizando técnicas avançadas, incluindo análise de reação em cadeia da polimerase, imunohistoquímica e transcriptómica, os investigadores descobriram material genético de bactérias orais dentro de muitas das placas.

Um dos organismos mais frequentemente identificados foi o do grupo dos estreptococos viridans, comum na boca humana. Segundo relata o Science Alert, os estreptococos orais foram detetados em 42,1% das amostras de doentes com morte súbita e em 42,9% dos doentes submetidos a cirurgia.

“O envolvimento bacteriano na doença arterial coronária é suspeito há muito tempo, mas faltam provas diretas e convincentes“, disse o médico de Tampere, Pekka Karhunen. “O nosso estudo demonstrou a presença de ADN de diversas bactérias orais dentro de placas ateroscleróticas.”

A aterosclerose, a acumulação de placas no interior das artérias coronárias, é uma das principais causas de ataques cardíacos. As placas estreitam os vasos sanguíneos, restringem o fluxo sanguíneo e podem romper, levando à paragem cardíaca. O estudo finlandês descobriu que os biofilmes bacterianos se localizavam frequentemente no núcleo destas placas, fora do alcance do sistema imunitário do organismo.

A correlação entre a presença de bactérias orais e aterosclerose grave, morte súbita cardíaca e rotura de placa sugere que a má saúde oral pode ter um impacto muito mais forte na saúde cardíaca do que se imaginava anteriormente.

As descobertas abrem novos caminhos tanto para a prevenção como para o tratamento. Uma melhor higiene oral e a deteção precoce de biofilmes bacterianos poderão, um dia, desempenhar um papel na redução do risco de doença cardíaca.

ZAP //

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